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EDITORIAL
Os jogos olímpicos de Pequim terminaram com o brilhantismo e a grandiosidade com que
haviam iniciado. Novos heróis surgiram e inúmeros recordes foram, mais uma vez,
estabelecidos. Mais uma vez o Brasil trouxe na bagagem mais lições do que medalhas, ainda que alguns atletas tenham correspondido ou superado às expectativas (em particular nossas mulheres-mães-atletas). Banhado pelo choro -de alegria e de tristeza, fica o aprendizado e a constatação de que evoluímos menos do que gostaríamos, apesar do significativo aporte financeiro, principalmente de origem estatal, destinado à preparação de nossos atletas. A principal lição é a repetição das anteriores: há que se massificar a prática esportiva e de outras formas de atividades físicas culturalmente relevantes, objetivando a saúde, o bemestar e o desempenho em competições (quando o talento e a vontade estiverem presentes); mais valorização e melhor preparação dos profissionais que atuam na iniciação esportiva nas escolas e na comunidade em geral; mais e melhores "centros de excelência" para pesquisa e treinamento especializado, com permanente intercâmbio. E, é claro, para 1sso tudo ha que se manter e ampliar os recursos públicos e privados disponíveis. Chega de amadorismo na estruturação e nas políticas públicas para o esporte (e a promoção da saúde). Já é tempo de se aprender com as lições do passado recente e investir melhor os recursos disponíveis, como algumas instituições já vêm fazendo no Brasil.

Volto-me, agora, ao foco deste editorial - o Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, em sua XXXI edição. Esse evento, junto com o mundialmente conhecido programa "Agita São Paulo", tem sido um legado importantíssimo a todos os interessados nas ciências da atividade física, em particular nas ciências do esporte. As palavras-chave para o sucesso continuado do grupo CELAFISCS, sob a batuta do sempre entusiasmado e competente Victor K. Matsudo são: pioneirismo, criatividade e dedicação. Pioneirismo refletido nas iniciativas "de risco", em épocas difíceis, e que fizeram surgir um grupo de pesquisas da atividade física que veio a ser modelo para os demais em nosso País. O CELAFISCS tem mostrado ao mundo como fazer muito com poucos recursos, sem jamais perder a qualidade científica em seus projetos, que passaram pela era da antropometria, composição corporal, aptidão física, detecção de talentos esportivos e chegaram à promoção de estilos de vida mais ativos e saudáveis para toda a comunidade - isso é criatividade e inovação constante, reconhecidas internacionalmente! Um terceiro predicado diz respeito à dedicação de todos os que passaram e dos que permanecem nas trincheiras da ciência por um mundo melhor, um mundo mais saudável, a partir da prática regular .de atividades físicas. Tal dedicação é refletida tambem no cuidado com a qualidade científica e a organização das trinta e uma edições do Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, por onde têm desfilado os mais renomados cientistas do esporte de todo o mundo e que tem, igualmente, servido como principal vitrine para a produção científica dos pesquisadores brasileiros desta área hoje em número e formação muito superiores ao descrito por Victor quando fala das 'primeiras edições desse evento, ha tres decadas: O grupo sonhou alto, unido, dedicado. A comunidade foi receptiva, reconheceu o valor da lniciativa e. o sonho se realizou! Obrigado, CELAFISCS, por tnnta e uma edições de sucesso do Simposio Internacional de Ciências do Esporte.

Markus Vinicius Nahas
Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC
Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde • SBAFS

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