Resumo

No sentido de promover mudanças para melhorar o nível de ensino e reduzir o fracasso escolar, a Secretaria Municipal de Ensino de Vitória (ES), implantou, nas escolas municipais, no início de 1991, uma nova proposta didático-pedagógica denominada bloco único, muito semelhante ao projeto do ciclo básico no Estado de São Paulo. Esta proposta caracterizou-se por abranger as classes de 6 anos da pré-escola municipal e as duas primeiras séries do ensino de primeiro grau; por possibilitar a continuidade do processo de aprendizagem, visando à desseriação do ensino; e, em termos de modelo pedagógico, por apoiar-se nas teorias construtivistas-interacionistas. Muitos professores que ingressaram nas escolas municipais no início de 1991 eram recém-formados e com pouca experiência, principalmente nas salas de primeira série do primeiro grau, onde o processo de alfabetização acontecia. Sabendo que a insuficiente competência técnica do professor para ensinar a criança a ler, escrever e contar está entre os maiores responsáveis pelo fracasso de qualquer proposta de mudança didático-pedagógica acompanhamos, durante todo um semestre, uma professora de primeira série e sua classe, visando: ,a) caracterizar a atuação dessa profissional, como alfabetizadora iniciante, em um contexto de reforma educacional ampla; ,b) caracterizar o desempenho dos alunos dessa professora; ,c) avaliar alguns esforços no sentido de assessorar a professora incluíram seminários ministrados pela SE de Vitória e um trabalho de assessoria desenvolvido pela pesquisadora, em que eram apresentadas à professora sugestões de atividades pertinentes aos conteúdos que estivesse desenvolvendo. Os procedimentos de coleta de dados envolveram diversas entrevistas com a professora (muitas delas para assessoria), observações em sala de aula, aplicação de um instrumento de avaliação das crianças, entre outros. Os dados obtidos evidenciam que, embora a professora verbalizasse sua concordância com à nova proposta didático-pedagógica, sua prática não correspondia à mesma. A docente parecia pouco preparada para desenvolver o conteúdo proposto, tanto ao trabalhá-lo em atividades sugeridas nas sessões de assessoramento, quanto nas atividades ditas tradicionais (a cópia, ditado, etc). Mesmo os esforços de assessoramento desenvolvidos pela pesquisadora em contato direto com a professora tiveram impacto apenas parcial. Os alunos evoluíram pouco durante o período, como mostra a comparação entre avaliações realizadas no início e final do semestre. São analisados diversos fatores capazes de explicar o insucesso das várias formas de auxílio oferecidas à docente.

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