Resumo

Em se tratando de treinamento esportivo, é possível afirmar que gestos técnicos e táticos são bastante explorados e também aplicados às sessões de treino. Contudo, em relação às respostas e adaptações fisiológicas, ainda há muitos fatores que não recebem a devida importância. O objetivo deste trabalho foi analisar biomarcadores sanguíneos, Escala de Borg (EB) (dor e esforço) e frequência cardíaca (FC) em estímulos anaeróbios máximos no nado crawl (25, 50, 100 e 200 metros). Assim, 4 nadadores (sexo masculino) competitivos em nível nacional, com idade média de 20 anos (± 2,71), treinando há no mínimo 3 anos, foram voluntários no estudo. Os atletas seguiram uma rotina de treino em água de 2hs diárias - cinco a seis vezes por semana - durante 48 semanas, minuciosamente controladas, objetivando 3 competições-alvo, especialmente da 46ª semana deste período. Durante as 10 semanas precedentes à competição principal cada atleta realizou 4 estímulos máximos nas metragens supracitadas em 3 momentos - semanas 1 e 2 (momento 1), 5 e 6 (momento 2) e 9 e 10 (momento 3), mantendo a rotina de treino proposta. Foram coletadas amostras de sangue para medir as concentrações de lactato, creatinina, creatina quinase (CK) e ácido úrico (AU). Além disso, foram aferidos os tempos de cada estímulo, velocidade, FC e EB. As amostras de sangue, dados de FC e EB, foram coletadas antes e em momentos pós-testes. Para análise estatística utilizou-se do teste Kruskal-Wallis para medidas não-paramétricas. Os valores para os biomarcadores sanguíneos não apresentaram diferenças significativas entre os momentos de avaliação (p<0,05). A FC apresentou diferenças entre 25, 50 e 100m de cada teste, e apresentou valores de correlação com velocidade (r=-0,409), com lactato (r=-0,8) e creatinina (r=0,341). Neste contexto, a EB mostrou-se um bom parâmetro para prescrição da intensidade de dor e esforço quando relacionada a velocidade (R2= 58,9% e R2=74,6% respectivamente), lactato (R2= 48,5% e R2= 44,3% respectivamente) e FC (R2= 28,9% e R2= 23,8% respectivamente). Assim, CK, creatinina, AU e FC não mostraram-se bons parâmetros para diferenciação de esforços nos estímulos analisados. Desta forma, adotar valores fixos de FC e/ou algum biomarcador sanguíneo pode sub ou superestimar o desempenho do atleta. Já o lactato pode ser considerado bom parâmetro avaliador para estímulos anaeróbios máximos sendo mais otimizado quando atrelado à FC. 

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