Resumo
A corrida de rua é uma das atividades que obteve maior número de adeptos entre a população idosa. É sabido que, durante a corrida, idosos apresentam padrões diferente de adultos jovens, como um maior ângulo de toe-out. No entanto, não é conhecida a relação com a carga mecânica nas articulações dos membros inferiores. Muitos estudos apontam para uma relação entre o momento adutor externo do joelho e o ângulo de toe-out, inclusive como mecanismo de proteção em indivíduos com osteoartrite do joelho, doença comum em pessoas acima dos 65 anos. Assim, pretendeu-se investigar uma possível relação do ângulo de toe-out aumentado nesses indivíduos e o momento do joelho no plano frontal. Vinte e dois adultos jovens corredores, 23 idosos corredores e 13 idosos sedentários andaram a 5 km/h e correram a 7, 10 km/h e na velocidade média da última prova de 10 km. Na velocidade de 5 km/h e 10 km/h os indivíduos corredores realizaram também uma condição com o toe-out aumentado além do natural. Os indivíduos executaram estas tarefas em uma esteira instrumentada com duas cintas independentes e com duas plataformas de força de seis componentes operando a 600 Hz (Bertec, USA) e tiveram os movimentos dos membros inferiores registrados por um sistema de análise tridimensional do movimento composto por oito câmeras de infravermelho operando a 150 Hz (Motion Analysis Corporation, USA). Uma completa análise cinemática e cinética das tarefas foi realizada por meio dos softwares Visual3D (CMotion. Inc., USA) e Matlab (Mathworks, USA). Em particular, o ângulo de toe-out e o momento adutor externo do joelho foram mensurados em todas as condições e comparados entre as condições com e sem o toe-out aumentado e entre os grupos a partir de análise de variâncias fatorial mistas e ANOVA, respectivamente. Os ângulos e momentos artivulares foram comparados entre os grupos com testes de Wicoxon Signed-rank com correção de Bonferroni. Em geral, os adultos corredores, idosos corredores e idosos sedentários apresentaram diferenças nos padrões cinemáticos e cinéticos do movimento dos membros inferiores durante o andar a 5 km/h e durante o correr a 7 km/h. Também foram observadas diferenças, porém em menor número, durante a corrida a 10 km/h e a corrida na velocidade média da última prova de 10 km para os adultos corredores e idosos corredores. Quanto à relação do ângulo de toe-out e o momento adutor externo do joelho, contrariamente à literatura, nós não observamos um aumento deste ângulo para os idosos durante o andar ou correr em relação aos adultos, assim como uma relação inversa entre o ângulo de toe-out e o momento adutor externo do joelho, talvez pelas coletas terem sido realizadas sobre uma esteira com cinta dupla, o que pode ter levado à alteração do posicionamento natural dos pés (toe-out)