Resumo
Com este estudo descritivo exploratório objetivou-se avaliar as características cinemáticas do salto vertical de crianças em diferentes estágios de desenvolvimento motor. Especificamente: identificar o estágio de desenvolvimento motor das crianças por segmento corporal e nas diferentes fases do salto vertical; identificar e comparar os ângulos inter segmentares (joelho, quadril, tronco e membro superior) entre crianças em diferentes estágios de desenvolvimento motor durante a execução do salto vertical. Participaram deste estudo 91 crianças da Grande Florianópolis/SC, de ambos os sexos, com idade entre 5 e 15 anos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UDESC sob nº 023/06. As coletas de dados foram realizadas no laboratório de Biomecânica do CEFID/UDESC e utilizou-se como instrumentos uma câmera de vídeo do Sistema Peak Motus (60Hz) e a matriz de análise qualitativa do salto vertical de Gallahue (1989). As crianças passaram por um período de familiarização com o ambiente e equipamentos e após foi preenchida a ficha de identificação e realizada demarcação dos eixos articulares com marcadores refletivos. Demonstrou-se a tarefa através de um vídeo e, em seguida, realizou-se a aquisição dos dados antropométricos (massa e estatura) e cinemáticos com a execução de três saltos verticais válidos (a partir da posição estática e iniciados com ambos os pés.), sendo analisada apenas a melhor tentativa do sujeito (com melhor padrão de movimento). Selecionou-se as variáveis: ângulo de joelho, ângulo de quadril, ângulo de tronco e ângulo de membro superior nas fases de propulsão, vôo e de aterrissagem do salto vertical. Os dados cinemáticos foram filtrados com Butterworth 4ª ordem, passa baixa com freqüência de corte variando entre 6 e 8 Hz. A análise dos dados consistiu de uma parte qualitativa e uma quantitativa: a primeira composta pela classificação dos segmentos corporais em estágios inicial (EI), elementar (EE) e maduro (EM); a segunda, pela captura dos ângulos, ambas em instantes específicos das fases de propulsão, vôo e aterrissagem do salto, conforme sistemática definida no estudo piloto, baseada na matriz analítica de Gallahue (1989). Utilizou-se estatística descritiva para caracterização das variáveis e para a comparação entre as médias dos três estágios aplicou-se ANOVA One way ou Kruskal Wallis; para verificar entre quais estágios houve diferenças, aplicou-se o Post hoc de Scheffé ou Teste “U” de Mann Whitney. Adotou-se p_0,05. Na avaliação qualitativa verificou-se que os membros superiores apresentaram o padrão motor mais tardio em relação aos outros segmentos e a fase de propulsão foi aquela que mostrou padrão motor mais avançado. Na comparação dos ângulos segmentares encontraram-se diferenças estatísticas entre todos os estágios de desenvolvimento motor em todas as fases do salto vertical, exceto na fase de propulsão entre o EI e EE. Para o ângulo do joelho verificou-se valores significativamente maiores no EI, seguido do EE e EM na fase de propulsão e aterrissagem. E na fase de vôo maiores valores angulares para o EM, seguido do EE e EI. Para o ângulo do quadril verificou-se valores significativamente maiores no EI seguido do EM e do EE na fase de propulsão e aterrissagem. E na fase de vôo maiores valores no EM, seguido do EE e do EI. Para o ângulo do tronco verificou-se valores estatisticamente maiores no EE, seguido do EM e EI na fase de propulsão e aterrissagem. E na fase aérea valores em módulo maiores para o EI seguido do EE e EM. Para o ângulo do membro superior verificou-se valores em módulo estatisticamente maiores para o EM, seguido do EE e EI na fase de propulsão e vôo. Na fase de aterrissagem maiores valores em módulo para o EE, seguido do EM e EI. Conclui-se que os segmentos corporais apresentaram diferentes tempos de desenvolvimento motor; e que ângulos de joelho, quadril, tronco e membro superior mostraram ser bons indicadores do posicionamento dos segmentos corporais, discriminando o estágio de desenvolvimento motor das crianças deste estudo.