Resumo

O treinamento físico intervalado de alta intensidade foi popularizado na última década, pela modalidade CrossFit®. Tornando-se uma estratégia de promoção para saúde cardiovascular, assim como, o já estabelecido treinamento aeróbio. Porém, são escassos os dados sobre o efeito do CrossFit® nas adaptações autonômicas cardíaca de repouso e recuperação imediatamente após o esforço comparativamente a modalidade de característica aeróbia como triatlo e a indivíduos fisicamente ativos. Objetivos: Verificar a hipótese de diferença entre a resposta cronotrópica e sua variabilidade, baseada na análise da variabilidade de frequência cardíaca (VFC) no repouso (supino e ortostático) e durante os 5 minutos imediatos após o teste de esforço cardiopulmonar máximo em indivíduos fisicamente ativos com praticantes das modalidades de CrossFit® e triatlo. Métodos: 53 homens adultos aparentemente saudáveis foram distribuídos em três grupos: praticantes de treinamento físico sem modalidade esportiva definida, grupo controle - GC: n=15; 30 (25-36) anos e IMC 24 (19-29) kg/m2; praticantes de CrossFit®, grupo resistência - GR: n=15; 33 (26-39) anos e IMC 26 (21-28) kg/m2 e atletas de triatlo, grupo volume – GV: n=23; 33 (27-37) anos e IMC 24 (21-27) kg/m2. Foram submetidos à análise da frequência cardíaca (FC) e de sua variabilidade nas condições de repouso, esforço e recuperação. Resultados: Os grupos apresentaram bradicardia de repouso na posição supina. O GV apresentou menor FC comparativamente ao GC, durante as posições supina e ortostática (p<0,05). O GV apresentou menor valor do DFA α1 comparativamente ao GC (p<0,05) durante a posição supina. O GR apresentou maior valor do SD1 comparativamente ao GC durante a posição ortostática (p<0,05). No início do exercício o GV apresentou menor FC comparativamente aos GC e GR (p<0,05). Os grupos apresentaram valores semelhantes do consumo de oxigênio (VO2) registrado durante o limiar anaeróbio e da FC e VO2 no pico do esforço (p>0,05). O GV apresentou maior reserva cronotrópica comparativamente ao GR (p=0,05). Os índices da VFC no final do esforço foram semelhantes entre os grupos (p>0,05). Durante a condição de recuperação, o GR apresentou menor frequência cardíaca de recuperação (FCR) absoluta e relativa comparativamente ao GV a partir do segundo minuto (p<0,05). Os valores do SD1 foram semelhantes entre os GR e GV. O GC apresentou valores reduzidos de SD1 comparativamente ao GV durante 30 segundos, 1 e 3 minutos; e apenas no 1° minuto comparativamente ao GR (p<0,05). O GR apresentou menor valor de SD2 comparativamente ao GV (p<0,05), durante o terceiro minuto da recuperação. O GR apresentou menores valores de DFA α1 comparativamente ao GC a partir de 1 minuto; e entre 2 e 4 minutos da recuperação comparativamente ao GV (p<0,05). Conclusão: Independente do tipo de treinamento físico todos os grupos apresentaram bradicardia no repouso com destaque para maior bradicardia no GV comparativamente ao GC e GR. Durante o esforço os grupos apresentaram comportamento fisiológico normal. Na condição de recuperação imediatamente após o teste cardiopulmonar, a reativação vagal foi semelhante entre o GV e GR e reduzida no GC. Apesar da semelhante reativação vagal entre os GV e GR o GR demonstrou reduzida FCR absoluta e relativa do 2o ao 5o min comparativamente ao GV. Possivelmente a reduzida FCR observada no GR está associada a duradora coativação dos ramos autonômicos cardíacos simpático e parassimpático ao longo dos 5 min de recuperação.

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