Resumo

O consumo de álcool, tabaco e drogas ilícitas entre jovens e adultos representa um importante problema de saúde pública em todo o mundo e uma grande parcela dessa população pode sofrer de transtornos relacionados ao abuso de substâncias e necessitar de tratamento para dependências. Dessa forma, diversos fatores deverão ser considerados na escolha e elaboração das estratégias terapêuticas utilizadas para tratamento dessa condição. Neste contexto, o exercício físico é um importante aliado e fator complementar às abordagens psicoterapêuticas e farmacológicas tradicionais. Devido à escassez de estudos na área e tendo em vista a relevância do tema, o presente estudo teve como objetivo avaliar o equilíbrio corporal, indicadores da aptidão física e o estigma internalizado em indivíduos internados para o tratamento de dependência química, verificando a influência de um programa de exercícios físicos multimodal, além de comparar os resultados obtidos pelos pacientes em tratamento àqueles levantados na população sem dependência química. Participaram do estudo indivíduos com e sem dependência química com idades entre os 18 e 59 anos. Os participantes responderam a questionários e tiveram avaliadas variáveis antropométricas, agilidade, flexibilidade e equilíbrio corporal. Foi também analisado o efeito de um programa de intervenção com exercícios físicos de oito semanas sob estas variáveis. Foi utilizada estatística descritiva, ANOVA unifatorial, teste t-student e de Mann Whitney e cálculo do tamanho do efeito para comparações entre os grupos e entre os momentos, e teste de correlação de Pearson para verificar a relação entre as variáveis. Como resultados pode-se observar que tanto o avançar da idade quanto o maior tempo de dependência pioram o desempenho nas variáveis agilidade e equilíbrio corporal. Destaca-se também que o equilíbrio corporal de indivíduos com dependência química mostrou-se significativamente prejudicado quando comparado ao de indivíduos sem dependência. Além disso, aqueles que faziam uso apenas de álcool ou de álcool combinado com outras drogas ilícitas apresentaram os piores resultados nos testes de equilíbrio e significativa correlação com a idade e o tempo de uso da substância. A utilização de um programa de exercícios físicos multimodal de oito semanas mostrou resultados positivos nas variáveis da aptidão física e do equilíbrio corporal. Embora não tenham sido verificadas diferenças significativas no estigma internalizado. O tempo de consumo da substância correlacionou-se ao pior desempenho nos testes de agilidade e equilíbrio corporal. Reforça-se o potencial benéfico do exercício físico como adjuvante no processo de reabilitação da dependência química e a necessidade da presença do profissional de Educação Física na equipe multiprofissional.

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