Análise da Composição Corporal e Aptidão Física em Futebolistas Considerando o Escalão e Função em Campo
Por Cíntia França (Autor), Diogo Martinho (Autor), Andreas Ihle (Autor), Ricardo Henriques (Autor), Élvio Rúbio Gouveia (Autor).
Em XIX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
No futebol, as características que permitem discriminar os escalões competitivos têm particular interesse nos modelos de desenvolvimento a longo prazo. Os objetivos do presente estudo foram: comparar iniciados, juvenis e juniores, e discriminar defesas, médios e avançados, considerando três fatores (tamanho, composição corporal e capacidades funcionais). As variáveis dependentes: estatura, massa corporal, composição corporal (InBody: massa não gorda, massa gorda, massa celular, água corporal total) e testes funcionais (índice reativo de força, velocidade, agilidade e prova aeróbia) foram analisadas em 95 futebolistas do sexo masculino. Utilizou-se a análise multivariada da variância (MANOVA) para agregar as variáveis dependentes (tamanho corporal: estatura, massa corporal; composição corporal: massa não gorda, massa gorda, massa celular, água corporal total; capacidades funcionais: índice reativo de força, velocidade, agilidade, prova aeróbia) e avaliar o seu efeito no grupo competitivo, tendo sido examinado previamente a homogeneidade das matrizes de covariância. Recorreu-se a uma análise similar (MANCOVA – controlando para a idade) para testar o efeito dos fatores mencionados anteriormente na posição em campo. Para confirmar a necessidade da MANOVA e analisar as diferenças entre grupos, recorreu-se à análise discriminante. Como expectável, tamanho corporal (Wilks Lambda=0.012, F=1903.40, p<0.001), composição corporal (Wilks Lambda=0.012, F=1903.40, p<0.001) e capacidades funcionais foram significativamente diferentes nos escalões competitivos (Wilks Lambda=0.001, F=17118.70, p<0.001), mas não permitiu distinguir os jogadores por grupo posicional. A combinação das variáveis dependentes foi significativa para a composição corporal (R2 canónico=0.53, Wilks- Lambda=0.450, χ2 =72.60, p<0.001) e capacidades funcionais (R2 canónico=0.21, WilksLambda=0.766, χ2 = 24.17, p=0.002). Os gráficos da função discriminante mostraram que a composição corporal permitiu distinguir iniciados de juvenis e juniores, enquanto que, a utilização de bateria de testes com a avaliação de diferentes capacidades diferenciou iniciados e juniores. Em suma, a composição corporal parece ter um maior poder explicativo na distinção dos grupos competitivos, enquanto que a comparação de defesas, médios e avançados não foi explicada por nenhum dos fatores usados. Concluiu-se que a necessidade de conduzir estudos futuros considerando outra agregação de fatores, além do tamanho, composição corporal e capacidades funcionais.