Resumo

Esta investigação tem como objetivo analisar historicamente as concepções de corpo na ginástica rítmica no Brasil acessando as representações contidas em livros e manuais que tratam essa modalidade ao longo de seu desenvolvimento no país. A concepção de corpo na ginástica rítmica não apareceu desvinculada dos movimentos ocorridos na história do Brasil, de maneira geral, e acompanhou os valores presentes na história brasileira da educação física e do esporte. Acredita-se que, por conta dos valores presentes na educação física e esporte brasileiro (militarismo, eugenismo, higienismo e positivismo), houve um espaço favorável para o desenvolvimento da ginástica rítmica no país. Percebeu-se que a ginástica rítmica contém uma noção tridimensional: o corpo feminino é tomado como objeto de disciplinamento, sendo dicotomizado, mas preservando, por conta de outros valores presentes na modalidade (arte, estética, beleza, graça, harmonia), sua unidade dual. Assim, têm-se três faces implicadas dessa concepção de corpo: corpo disciplinado, corpo dual e corpo feminino. Além dessas faces encontradas, que estão interligadas com o contexto histórico brasileiro à época dos manuais analisados, a ginástica rítmica contém um elemento singular. A graciosidade dos corpos femininos praticantes é um princípio estipulado pelo objetivo da ginástica rítmica. A ginástica rítmica, tanto para quem pratica, como para quem é observador, desde seu início até os dias de hoje, preserva o princípio do "espírito da graça".

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