Resumo

Um controle muscular inadequado do quadril, pelve e tronco podem afetar a cinemática e a cinética da pelve e das articulações dos membros inferiores em múltiplos planos, e vem sendo descrita como um fator de risco para lesões. O Step-Down Test (SDT) é um teste funcional comumente utilizado para avaliar qualidade de movimento, porém existem poucas informações sobre a demanda mecânica durante o teste. O objetivo deste estudo foi entender a demanda mecânica e comparar a classificação visual do SDT com a análise cinemática 3D dos ângulos, momentos e potência, considerando mulheres ativas e assintomáticas, com o propósito de investigar se as diferenças encontradas na classificação visual estão associadas as diferenças na demanda mecânica. Foram avaliadas 21 mulheres fisicamente ativas e saudáveis (30±8 anos). Todas as participantes foram filmadas enquanto executaram o SDT e tiveram seu movimento visualmente classificado por uma fisioterapeuta experiente. Baseado nessa classificação, a amostra foi dividida considerando a pontuação total, e considerando a pontuação individual separadamente da pelve, do joelho e da perna de base de cada participante. Foi feita uma análise cinemática utilizando o sistema RVideo (Campinas/Brasil) e uma análise cinética utilizando 2 plataformas de força. Os dados foram processados no software Visual3D. Os dados cinemáticos foram utilizados para obter as coordenadas 3D de referentes a 4 segmentos corporais (pelve/coxa/perna/pé), e as articulações do quadril, joelho e tornozelo, cada com 3 graus de liberdade (flexão/extensão–F/E, adução/abdução-AD/AB e rotação interna/externa–RI/RE). As curvas dos ângulos foram normalizadas pelo ciclo do movimento. Calculou-se os valores máximos dos ângulos de flexão do quadril, joelho e tornozelo e a porcentagem do ciclo de movimento em que ocorreu, de cada participante durante o teste. Os dados de força foram normalizados pelo peso corporal e em seguida utilizados para calcular o momento e a potência. O maior valor absoluto de ângulo, momento e potência foi obtido para cada articulação (quadril/joelho/tornozelo) de cada participante e utilizado para comparação entre os grupos e para análise estatística (Teste U de Mann-Whitney, p<0.05). Os picos de flexão do quadril, joelho e tornozelo ocorreram na segunda metade do ciclo na maior parte da amostra, apresentando valores entre 60,0º a 79,9º; 80,0º a 89,9º; 20,0º a 29,9º graus, respectivamente na maior parte da amostra. Mulheres com classificação total moderada apresentaram menor potência extensora do quadril (p=0,040; effect-size=0,203) e maior valor de ângulo de adução de quadril (p=0,002; effect-size=0,398). Mulheres classificadas com desalinhamento de joelho, apresentaram menor potência flexora de joelho (p=0,043; effect-size=0,974) e menor valor de ângulo de adução de quadril (p=0,024; effect-size=0,242). Concluiu-se que apesar das diferenças cinemáticas encontradas, mulheres assintomáticas e ativas classificadas com uma qualidade de movimento moderada parecem apresentar uma demanda nas três articulações. A potência abdutora de quadril parece ter um papel importante no estudo da qualidade de movimento dos membros inferiores em tarefas funcionais.

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