Resumo

O balé clássico é caracterizado pelo uso da rotação externa de quadril. Como consequência do uso excessivo desse posicionamento, estudos reportam que bailarinos apresentam maior ângulo de rotação externa de quadril do que não bailarinas, e que são capazes de produzir maiores quantidades de torque quando estão posicionados dessa maneira. Os saltos são elementos muito importantes para o balé clássico, e o mais praticado é o sauté. Assim, faz-se necessário investigar se a mudança no posicionamento do quadril irá influenciar o desempenho de bailarinas nos saltos, uma vez que bailarinos apresentam diferenças em ângulos e torques devido ao posicionamento exigido pela técnica. Deste modo, o objetivo desse estudo foi investigar se a rotação externa de quadril, utilizada pelas bailarinas de balé clássico, irá influenciar o desempenho de saltos verticais. Para a realização do estudo foram recrutadas 10 bailarinas de balé clássico, que realizaram 3 tentativas do salto sauté e do salto sem rotação de quadril. Para a coleta dos dados, foram utilizados 30 marcadores anatômicos retro-refletivos e 6 câmeras digitais Basler, com frequência de aquisição de 100 Hz. O processamento dos dados foi realizado utilizando os software Dvideo e Visual 3D. Foi calculado a altura do salto através do ponto médio das espinhas ilíacas póstero-superiores, os ângulos de flexão e extensão do tronco e os ângulos articulares do quadril, joelho e tornozelo, para o lado direito e esquerdo. Os dados brutos foram filtrados utilizando um filtro digital Butterworth passa-baixa de 4ª ordem, com frequência de corte de 6 Hz. Todas as análises estatísticas foram realizadas no software Matlab®. Foram analisadas a diferença entre as alturas máximas atingidas nos saltos, e os valores máximos dos ângulos do quadril, joelho, tornozelo e de flexão do tronco nos dois tipos de salto através de comparação por box plot. A relação linear das variáveis mensuradas foi testada através de uma análise de regressão linear. As principais diferenças encontradas nos estudos foram nos ângulo de flexão e extensão, adução e abdução e rotação interna e externa do quadril. As bailarinas apresentaram maiores alturas no salto sem rotação em comparação ao salto sauté, devido ao salto sauté utilizar o posicionamento de rotação externa, o que parece influenciar negativamente no desempenho de saltos verticais de bailarinas, uma vez que pode alterar o comportamento muscular durante o salto. 

Acessar Arquivo