Resumo

1 INTRODUÇÃO
Durante o exercício levantamento terra - LT a musculatura posterior da coluna vertebral produz intensos torques extensores nas articulações lombares para se contrapor ao torque flexor gerado pelo peso da parte superior do corpo e do peso a ser elevado (SCHOENFELD, 2010). Quanto maior é a massa do objeto elevado e quanto mais horizontal é a orientação do tronco, maior carga é experimentada pela região lombar inferior no exercício (HARTMANN; WIRTH; KLUSEMANN, 2013). Nesse tipo de exercício é recomendado não flexionar a região lombar para diminuir o risco de lesões (ADAMS; HUTTON, 1985). Visando a prescrição eficiente e segura do LT, é fundamental conhecer as consequências de variar a carga externa do exercício para a inclinação do tronco e para a postura vertebral, uma vez que essas variáveis parecem estar relacionadas em tarefas de levantamento de carga (LIST et al., 2013). Este trabalho teve o objetivo de analisar o comportamento da curvatura lombar e a inclinação do tronco no exercício levantamento terra realizado com carga máxima e submáxima.

2 METODOLOGIA
Participaram deste estudo, 8 homens e 3 mulheres (26,7 ± 8,8 anos; 1,75 ± 0,09 m, 74,5 ± 10,7 kg [Média ± Desvio Padrão]), com no mínimo 2 anos de prática de treinamento de força, com experiência no exercício levantamento terra, sem relato de lesão ortopédica no último ano. Todos tiveram o ângulo lombar sagital e a inclinação do tronco mensurados com cinemetria (CAMPOS et al., 2016) no instante final do LT realizado em duas condições: teste de uma repetição máxima (1RM); e a primeira repetição de uma serie de LT com 70% da carga de 1RM. O ângulo lombar médio apresentado na marcha (5km/h) foi considerado a postura neutra e subtraída da postura de exercício.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados apresentaram distribuição normal (Shapiro-Wilk) e variâncias homogêneas (teste F). O teste T pareado (p<0,05) indicou que o tronco se apresentou mais inclinado anteriormente (t = 3,4751; p = 0,0060; Cohen d = 0,95 [grande efeito]) no teste de 1RM (75,5 ± 7,2°) do que na execução do LT com 70% de 1RM (66,3 ± 11,6°). A região lombar ficou mais flexionada em relação à postura neutra (t = 2,4714; p = 0,0330; d = 0,55 [médio efeito]) no teste de 1RM (21,7 ± 9,2°) do que na carga de 70% (17,3 ± 7,5°).
Já poderia ser esperada maior carga na região lombar com aumento da carga externa do exercício, confirmada pela maior inclinação do tronco em 1RM. Contudo, a flexão lombar aumentada indica tabém uma deterioração da tecnica de execussão, já que essa condição pode levar a uma distribuição de tensões assimétricas no disco intervertebral lombar e dificulta a ação da musculatura lombar para redução das forças de cisalhamento nesta região (MCGILL; HUGHSON; PARKS, 2000), aumentando o risco de herniação (ADAMS; HUTTON, 1985).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Foram identificados indícios de sobrecarga mecânica na região lombar e uma deterioração da técnica de execução do exercício levantamento terra com carga máxima. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, M. A; HUTTON, W. C. The effect of posture on the lumbar spine. J of Bone & Joint Surg, 1985; 67(4):625–629
CAMPOS, M.H., ALAMAN, L. I. F., SEFFRIN-NETO, A. A., VIEIRA, C. A., DE PAULA, M. C., LIRA, C. A. B. The geometric curvature of the lumbar spine during restricted and unrestricted squats. J of Sports Med and Phys Fitness, 2016.
HARTMANN H, WIRTH K, KLUSEMANN M. Analysis of the Load on the Knee Joint and Vertebral Column with Changes in Squatting Depth and Weight Load. Sports Med 2013;43(10): 993-1008.
LIST R, GULAY T, STOOP M, LORENZETTI S. Kinematics of the trunk and the lower extremities during restricted and unrestricted squats. J Strength Cond Res 2013;27:1529-38.
SCHOENFELD, B. J. Squatting kinematics and kinetics and their application to exercise performance. J Strength Cond Res 2010; 24: 3497–3506.
MCGILL SM, HUGHSON RL, PARKS K. Changes in lumbar lordosis modify the role of the extensor muscles. Clin Biomec 2000; 15(10): 777–780.

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