Resumo
Os bombeiros são profissionais expostos constantemente a fatores de risco como: hipertermia, severa desidratação, elevada sobrecarga cardiovascular e física, inalção da fumaça, estresse, interrupção abrupta do sono e padrão alimentar irregular devido a dinâmica da sua profissão. Logo, é de suma importância para esta população uma boa aptidão física como também a avaliação constante das capacidades físicas e a qualidade de vida (QV), tanto para a segurança e saúde individual, como para o desempenho profissional satisfatório. Objetivo: Avaliar o nível de atividade física, a aptidão física e a qualidade de vida de bombeiros militares de ambos os gêneros, em associação com variáveis clínico-funcionais e sócio-demográficas. Metodologia: Estudo transversal descritivo-analitico, composto por amostra de 791 bombeiros de ambos os sexos (24-49 anos). As variáveis mensuradas por questionário foram: qualidade de vida (WHOQOL-BREF); Nível de atividade física (NAF) (IPAQ); aspectos sociodemográficas; fatores de risco à saúde; aptidão cardiorrespiratória (ACR) (auto relato de atividade física); As variáveis sóciodemográficas foram estado civil e renda mensal. Foram também avaliadas a aptidão cardiorrespiratória (Teste de Cooper), a resistência de membros superiores (teste de flexão de braço no solo), a resistência musuclar localizada (teste abdominal de paula) e variáveis antropométricas. Adotou-se estatística não-paramétrica para todas as análises exceto para a análise de concordância entre os métodos de avaliação da aptidão cardiorrespiratória, teste de Cooper e questionário auto-relato de atividade física. Utilizou-se o pacote estatístico SPSS Statistical Package for Social Sciences, versão 17.0 para Windows. Resultados: A amostra apresentou mediana de idade de 39 (24-49) anos, do IMC de 25,8 (18,2 – 43,3) Kg/m², VO2max 42,1 (19,9 – 62,3) [mL(kg.min-1)]. 74,9% dos sujeitos foram classificados como ativos. A ACR estimada pelo teste de Cooper foi muito próxima àquela estimada por questinário, tanto para os homens: (42,6 ±5,9 vs 41,9 ±5,6, [mL(kg.min)-1] respectivamente), quanto para as mulheres (35,1 ± 5,8 vs 33,3 ±5,9 [mL(kg.min)-1]). A amostra apresentou boa QV exceto para o domínio ambiente. (domínios: físico 75,0; psicológico 75,0; relação social 75,0; ambiente 65,8. A QV foi menor para os homens obesos, com ACR≤12 MET vi em todos os domínios e para as mulheres com ACR≤9,5 MET exceto para o dominio relação social. As comparações entre os domínios de QV com IMC e NAF não demonstraram diferença significativa para as mulheres. Conclusão: Os bombeiros militares de ambos os gêneros apresentaram boa aptidão cardiorrespiratória e nível suficiente de atividade física. O questionário auto relato de atividade física se mostrou como um instrumento confiável e viável para ser utilizado quando não for possível realizar o teste de pista de Cooper em bombeiros. No grupo dos homens o uso dos pontos de corte alternativos para o questionário (11METs – 13METs) para selecionar ou excluir os indivíduos aptos ou não aptos, respectivamente, aumentaram a sensiblidade e espeficididade para 90% para os avaliados atingirem 12METs no teste de pista de Cooper. A QV foi de moderada para boa em todos os domínios exceto para o domínio ambiente. A QV apresentou associação positiva significativa com a ACR, IMC e NAF para todos os domínios para os homens e nos domínios: físico, psicológico e ambiente para as mulheres.