Resumo

Em 2008, o Estado de São Paulo homologou sua Proposta Pedagógica Curricular (PPC-SP), porém, após a implantação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em agosto de 2019, o governo do Estado de São Paulo substituiu o currículo anterior e estabeleceu um diálogo mais próximo com a Base, instituindo o Currículo Paulista, primeiro para as etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental e, um ano depois, para a etapa do Ensino Médio. Este trabalho realiza uma revisão sistemática acerca das publicações que envolvem a disciplina Educação Física (EF) no currículo do Estado de São Paulo, tendo como objetivo analisar quais são os discursos que atravessam os textos acadêmicos selecionados, buscando discutir os jogos de força presente no campo acadêmico e as múltiplas formas de legitimar ou contestar um currículo. Analisar essas publicações acadêmicas é relevante para compreender as maneiras como as políticas curriculares têm sido dirigidas e pode contribuir para posteriores pesquisas sobre o atual Currículo Paulista. O levantamento bibliográfico foi realizado em março de 2021 e definimos para este trabalho o marco cronológico inicial em julho de 2014. Foram analisados os textos científicos oriundos das bases de dados Lilacs, Scielo e Capes, sendo que a busca se delimitou em artigos presentes nos periódicos disponíveis de maneira digital, no idioma português, abertos e na versão completa. Como resultado obtivemos: 37 textos com a problemática do currículo e Educação Física Escolar (EFE); 10 textos sobre a temática políticas curriculares e EFE, todos relacionados com a BNCC; 22 textos sobre pesquisas curriculares de outros estados e municípios; 11 textos que abordam a disciplina EF no currículo do Estado de São Paulo, sendo estes designados para uma análise mais detalhada. Essas produções acadêmicas foram divididas em: publicações contributivas - textos que realizam elogios e críticas com a finalidade de contribuir com o documento; e publicações desaprovativas - textos que apontam certas inconsistências, incoerências ou divergências sobre o currículo, sendo textos mais críticos e de contestações. Para a análise e discussão das publicações, pautamo-nos nas contribuições de Stephen Ball para compreendermos as políticas curriculares e de Lopes, Macedo e Silva, autores do campo do currículo no Brasil. Evidenciamos discursos que apontam como positiva a existência de materiais didáticos no ensino da EFE e outros que apontam para certas contradições ou desaprovações relacionadas com o currículo do Estado de São Paulo. Porém, tanto as publicações contributivas quanto as desaprovativas produzem certos regimes de verdades que permeiam a área da EF, sendo possível perceber através da circulação de textos os jogos de força presente no campo acadêmico e as múltiplas formas de legitimar um currículo. O que foi notório perceber foi a defesa dos interesses e posições dos diferentes sujeitos e grupos sociais envolvidos na produção da política curricular em busca da hegemonia do que possa ser a EF. Afinal, nenhum dos artigos - contributivos ou desaprovativos, colocaram em xeque a noção de currículo comum.

Acessar