Resumo
INTRODUÇÃO: O treinamento físico combinado (TC) é recomendado para redução da pressão arterial (PA) em indivíduos hipertensos, o TC vem sendo praticado em clínicas de saúde para indivíduos com doenças crônicas. Assim, são necessários estudos que investiguem o efeito prolongado do TC sobre as capacidades físicas de hipertensos. Além disso, são poucos as informações observadas a longo prazo analisando a modulação autonômica da frequência cardíaca (FC) e a atividade mioelétrica no TC. OBJETIVO: observar o efeito do TC de longo prazo em uma clínica de saúde, sobre a composição corporal, níveis pressóricos, modulação autonômica da FC, aptidão cardiorrespiratória, força muscular de membros inferiores e atividade eletromiográfica dos músculos reto femoral (RF), vasto lateral (VL) e vasto medial (VM) em indivíduos hipertensos ativos. MÉTODOS: Trata-se de um estudo observacional transversal, composto por 30 homens alocados no grupo fisicamente ativo hipertenso (n=15; idade= 56,23 ± 7,38 anos) e grupo fisicamente não ativo hipertenso (n=15; idade= 56,30 ± 7,01 anos). A caracterização do TC foi de 30 min de cada tipo de exercício (aeróbio seguido pelo resistido), o treinamento aeróbio foi realizado em esteira com intensidade leve-moderado (50 a 75% da frequência cardíaca de reserva), o treinamento resistido foi realizado em aparelhos de musculação e com pesos livres, divididos em treino A e B, o treino consistiu em 8 a 12 exercícios divididos em multiarticulares e monoarticulares, a intensidade do treino de leve-moderado, com 10 a 15 repetições em 3 séries. Nessa pesquisa foram avaliados: a PA, por meio do esfigmomanômetro automático, a modulação autonômica da FC por meio da variabilidade da FC (VFC), a avaliação antropométrica e composição corporal pela bioimpedância, a aptidão cardiorrespiratória pelo teste de esforço máximo e a força muscular no membro inferior pelo dinamômetro e, atividade eletromiográfica por meio do parâmetro RMS (root mean square) dos músculos RF, VL e VM em um protocolo de extensão isométrica máxima do joelho. Para análise estatística foram utilizados o teste de Shapiro-Wilk para normalidade, t- Student independente e ANOVA two-way medidas repetidas com correção de Bonferroni para comparação dos dados. RESULTADOS: Foram observados maiores valores no consumo pico de oxigênio (VO2pico) (p=0,001), na força muscular de membro inferior (p=0,02), na massa muscular (p=0,02), nos intervalos RR (VFC) (p=0,01) e menores valores no índice de massa corporal (IMC) (p=0,02, na massa gorda (p=0,02) e médias da FC (p=0,001) na análise de VFC no grupo fisicamente ativo, comparados com o grupo fisicamente não ativo, enquanto os parâmetros de RMS dos músculos RF, VL e VM, a PA e os outros parâmetros da VFC (SDNN, RMSSD, AF, BF, SD1 e SD2) (p>0,05) não foram diferentes entre os grupos. CONCLUSÃO: Sugere-se que o protocolo de TC de longo prazo para hipertensos observado em uma clínica de saúde, modifica as capacidades físicas de resistência aeróbia (VO2 pico) e força muscular, porém melhores resultados poderiam ter sido alcançados, se na prática profissionais da área de atividade física em seus programas de treinamento físico seguissem as recomendações e diretrizes de treinamento para indivíduos hipertensos ativos.