Resumo
Estudos com jovens futebolistas em jogos e competições vêm ganhando destaque na literatura científica. O objetivo do presente estudo foi descrever e analisar os padrões de deslocamentos, os estados de humor, as percepções subjetivas de recuperação e esforço de jovens futebolistas em jogos de uma competição nacional. Para isso, foram avaliados dezessete jovens futebolistas de linha, do sexo masculino, com idade 18,5 ± 0,7 anos, pertencentes ás categorias de base de um clube do Estado de São Paulo. Os dados nos sete jogos competitivos foram analisados sob duas perspectivas: futebolistas que jogaram a Partida Inteira (PI) e Todos os Participantes (TP), pois houve substituídos e substitutos nos jogos. Anteriormente aos jogos, foram avaliados os estados de humor BRAMS (vigor e fadiga) e a Escala de Qualidade da Recuperação (EQR). Durante os jogos, os futebolistas foram monitorados individualmente com o Global Positioning System (GPS), para aferição da Distância Total Percorrida (DTP), Distância Percorrida (DP) ≤ 15 km/h e DP > 15 km/h, utilizando a unidade de medida em metros (m) e a distância relativa, com os metros divididos pelos minutos jogados (m/min). Ao término das partidas, foi utilizada a escala de Percepção Subjetiva de Esforço (PSE), que multiplicada pelo tempo jogado, determinou a Carga Interna de Jogo (CIJ). Foram calculados a média e desvio padrão dos jogos, as etapas das partidas (primeiros e segundos tempos), posições dos jogadores (laterais, zagueiros, meio-campistas e atacantes) e a influência das substituições nos jogos. Foi utilizada uma Análise de Variância (ANOVA) para modelos mistos (a qual considera que o mesmo atleta foi avaliado diversas vezes) ou uma ANOVA para 1 fator fixo, sempre seguida de Comparações Múltiplas pelo método de Tukey. O critério de significância adotado foi de 5%. Sobre as diferenças entre as etapas das partidas, foi observado que nos futebolistas PI a DTP (m), DP (m) ≤ 15 km/h e >15 km/h, foram significativamente menores no segundo tempo que no primeiro, diferentemente dos jogadores TP, que no segundo tempo tiveram valores mais elevados em relação ao primeiro, devido ás substituições. Sobre as posições dos jogadores, nos PI não foi encontrada diferença significativa em nenhuma variável, diferentemente dos TP, em que a DTP (m/min) pelos meio-campistas foi significativamente maior que dos atacantes, sendo que na DP (m/min) ≤ 15 km/h os meio-campistas também percorreram maiores distâncias que atacantes e zagueiros. Na análise das diferenças entre PI, substituídos e substitutos, foi observado que na DP (m/min) > 15 km/h os PI percorreram menores distâncias que os substituídos e substitutos; na CIJ os PI apresentaram valores significativamente maiores que os substituídos e substitutos; e os substitutos, valores maiores que os substituídos. Na EQR, os substitutos tiveram uma recuperação significantemente melhor que os PI e os substituídos. Sobre os estados de humor, somente na fadiga houve diferença, na qual os PI tiveram valores maiores que os substitutos. Através destes dados, pode-se concluir que a DTP e os deslocamentos ≤ 15 km/h e > 15 km/h não se mantiveram no segundo tempo dos jogos, porém, com a realização de substituições, foi possível minimizar estes decréscimos.