Resumo

O Paradesporto compreende modalidades esportivas praticadas por pessoas com deficiência. Os esportes são adaptados ou desenvolvidos baseando-se nas especificidades dos atletas, fornecendo benefícios físicos, psicológicos e sociais. Atletas com deficiência nos membros superiores podem utilizar estratégias biomecânicas diferentes durante a corrida. Assim, torna-se necessário mapear como as medidas espaço-temporais podem ser impactadas pela deficiência física. OBJETIVO: Analisar e comparar parâmetros espaço-temporais da corrida de paratletas com deficiência de membro superior. MÉTODO: Foram recrutados, por conveniência, corredores maiores de 18 anos: seis paratletas com deficiência de membro superior no grupo paratletas e quatro atletas sem deficiência no grupo controle (GC). Sensores inerciais (MTw Awinda) foram afixados na pelve, coxas, pernas e pés para captura dos parâmetros espaço-temporais. A corrida foi realizada em uma esteira ergométrica, em velocidade máxima tolerada, constante, sendo analisadas quatro tentativas (média de 20 ciclos). Para a análise estatística, cadência, comprimento de passo e de passada foram comparados entre grupos por meio de análise de variância (ANOVA de medidas repetidas) e a velocidade foi avaliada pelo teste t para amostras independentes. RESULTADO: Os paratletas obtiveram valores da cadência significativamente menores (123,83± 83,58 passos/min), em comparação ao GC (171,429± 92,14 passos/min; p=0,032). O comprimento da passada e do passo não obtiveram diferenças significativas entre os grupos (p>0,05). Em relação a velocidade média, os paratletas apresentaram valores menores comparado ao GC (3,04 ± 0,63 vs. 3,78 ± 0,73 m/s), sem diferença significativa (p>0,05). CONCLUSÃO: Foram observadas diferenças nos parâmetros espaço-temporais da corrida de paratletas quando comparado ao GC. Conclui-se que os paratletas possuem um ciclo de corrida mais longo e menos cadenciado, resultando em menor velocidade média. Isso sugere que a deficiência de membros superiores pode afetar os parâmetros espaço-temporais, fazendo com que os paratletas busquem adaptações na organização temporal.