Resumo

25/08/2020
A lombalgia tem alta prevalência na população adulta e pode levar a alterações do padrão de marcha e coordenação entre os segmentos da coluna quando comparado a indivíduos assintomáticos. A hérnia discal lombar e a estenose do canal vertebral são umas das principais causas de lombalgia específica com sintomas que alteram a marcha desses pacientes. A cirurgia para correção dessas disfunções pode ser necessária para o tratamento e estudos demonstraram que a marcha de indivíduos após intervenção cirúrgica assemelha-se a de indivíduos controle devido à melhora dos sintomas, porém pode levar a alterações nas articulações adjacentes. Mudanças nos padrões de coordenação dos movimentos podem ser indicativos de disfunções e estudos com indivíduos com lombalgia demonstram uma coordenação entre segmentos da lombar e pelve em fase. Desta forma, o objetivo geral do trabalho é avaliar as diferenças entre os padrões de coordenação dos segmentos torácicos (superior e inferior), lombares (superior e inferior) e pélvico por meio do Vector Coding além de desfechos clínicos (dor e funcionalidade) de pacientes submetidos a cirurgias para correção de hérnias lombares ou estenose do canal vertebral lombar no período pré e pós-operatórios de um, três e seis meses durante a marcha em velocidade confortável e rápida comparados a indivíduos controle. Este estudo está dividido em dois artigos, o primeiro busca diferenças entre a frequência dos padrões de coordenação de pacientes com diferentes diagnósticos de lombalgia específica (estenose lombar ou hérnia discal lombar) e indivíduos controle durante a marcha em duas velocidades (confortável e rápida); o segundo investiga os ângulos de acoplamento dos padrões de coordenação, bem como desfechos clínicos (intensidade da dor e funcionalidade) entre pacientes com hérnia discal lombar submetidos a procedimentos cirúrgicos nos períodos pré e pós-operatórios de um, três e seis meses, comparados a indivíduos assintomáticos durante a marcha em velocidade confortável. Em ambos os artigos, os dados foram coletados por meio de um sistema de cinemática composto por 10 câmeras optoeletrônicas Oqus 400 (Qualisys Medical AB, Gothenburg, Suécia) com uma taxa de aquisição de 240 Hz. Para o primeiro artigo, foram incluídos vinte e um sujeitos divididos em três grupos: hérnia (n = 6), estenose (n = 4) e controle (n = 11). Foram calculadas as frequências dos padrões de coordenação durante a fase de apoio, oscilação e ciclo total da marcha e foram encontradas diferenças entre todos os grupos com diferenças dependentes da velocidade. Os pacientes com estenose foram o que apresentaram maiores diferenças em relação aos demais grupos, principalmente no plano sagital nos segmentos pelve e lombar inferior e em velocidades rápidas da marcha. Para o segundo artigo, dezoito participantes foram divididos em dois grupos: hérnia (n = 7) e controle (n = 11). Foram avaliados os desfechos clínicos de intensidade da dor e funcionalidade além dos padrões de coordenação durante todo o ciclo da marcha, ponto a ponto por meio da estatística circular. A intensidade da dor reduziu no 1º PósOperatório (PO) (Dif.Média (DM) = 3,4; P = 0,001), no 3º PO (DM = 6,0; P < 0,001) e no 6º PO (DM = 5,0; P < 0,001) comparado ao pré-operatório; a funcionalidade apresentou melhora no 1º PO (DM = 3,8; P = 0,025) e no 3º PO (DM = 7,4; P < 0,001), porém não se manteve no 6º PO. Quanto aos padrões de coordenação, diferenças foram observadas entre os grupos principalmente no plano transversal, na fase de oscilação da marcha, entre os segmentos pelve e lombar inferior. Após a cirurgia, grande parte das diferenças encontradas nos pacientes com hérnia no pré-operatório se igualam ao grupo controle após um mês. Conclui-se que pacientes com diferentes diagnósticos de lombalgia específica apresentam estratégias distintas nos padrões de coordenação e que pacientes com estenose do canal vertebral apresentam dificuldade nas transições de velocidade confortável para rápida. Ainda, pacientes com hérnia, quando submetidos a cirurgia, apresentam melhora nos desfechos clínicos e aproximam-se dos controles quanto aos padrões de coordenação.


 

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