Resumo

No esporte o sistema visual aporta ao indivíduo informações do ambiente que se relacionam entre si e confluem para a tomada de decisão (TD). O presente estudo objetiva (1) verificar o comportamento visual utilizando-se do rastreamento ocular (via Eye Tracking fixo); (2) verificar a qualidade da tomada de decisão (TD); e (3) verificar a quantidade de opções geradas nos momentos com e sem oclusão visual em cenas de vídeos reais de jogo de atletas e não atletas de voleibol. A amostra constituiu-se de 48 voluntários do sexo masculino divididos em atletas (n=25; idade média de 16,9±1 anos) e não atletas (n=23; idade média de 17,6±1,7 anos). Para análise do comportamento visual (número e duração das fixações visuais) foi utilizado o Eye Tracking SMI RED500® durante o Teste de Conhecimento Tático Declarativo no Voleibol Geral - TCTD:VbG. Para avaliação da qualidade da TD e quantidade de opções geradas, foi utilizado o relato verbal dos participantes. Nas análises do número de fixações visuais, para três variáveis com distribuição normal (Ataque de Extremidade-AE, Bloqueio-BL e Levantamento-LE) utilizou-se o teste t independente para comparação entre os dois grupos. Já para a variável com desvio significativo à normalidade (Ataque de Central-AC) recorreu-se ao teste Mann-Whitney U. Nas análises da duração das fixações visuais utilizou-se o teste Mann-Whitney U para comparação entre os grupos. Nas análises da qualidade da TD utilizou-se do teste Qui-Quadrado de proporções. Nas análises do número de opções geradas nos momentos com e sem oclusão visual, realizou-se a ANOVA two-way para os fatores grupo (atletas e não atletas) e momento (com e sem oclusão). Para as variáveis nas quais detectou-se interação entre fatores principais, realizou-se ainda análise de desdobramentos. Para a duração das fixações visuais, encontra-se uma diferença significativa na situação de AC, sendo as fixações mais rápidas realizadas pelos atletas. Para a qualidade da TD, revelam-se diferenças significativas nas situações de AE e AC quando comparados atletas e não atletas, sendo que o grupo de atletas acertou mais respostas do que o grupo de não atletas. Para a quantidade de opções geradas, em relação aos momentos (com e sem oclusão visual), observa-se uma diferença significativa sendo maior para o grupo de atletas quando comparados com o grupo de não atletas no momento com oclusão visual em todas as situações de jogo. Além disso, no momento sem oclusão gerou-se mais opções do que no momento com oclusão nos dois grupos. Diante dos resultados encontrados considera-se que jovens atletas de voleibol realizam fixações mais rápidas em situações de AC e ainda tomam decisões mais corretas em situação de ataque (AE e AC) quando comparados com não atletas. As diferentes estratégias de busca visual nos momentos com e sem oclusão evidenciaram-se como um importante fator que comprova as diferenças encontradas nos resultados deste estudo, afirmando a hipótese proposta por Johnson e Raab (2003), que a diferença entre o número e os tipos de opções geradas depende das estratégias utilizadas para a resolução de uma determinada ação.

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