Análise do Desenvolvimento Psicoafetivo de Crianças com Transtornos Não Especificados Diante do Jogo Simbólico em Psicomotricidade Relacional
Por M. P. S. Morais (Autor), M. R. R.oliveira (Autor), L. L. P. Cabral (Autor), F. H. C. Oliveira (Autor), Patrick Ramon Stafin Coquerel (Autor).
Resumo
O jogo possivelmente se fez presente ao longo da história evolutiva dos seres humanos, tanto do ponto de vista filogenético, quanto ontogenético. O jogo possibilita experiências prazerosas que promovem uma série de reações químicas positivas, que ativam o corpo e a mente, colocandoo em estado de alerta durante a vigília. Dentre as várias abordagens possíveis sobre o fenômeno do jogo, há aquelas ancoradas na análise freudiana. No âmbito analítico, o brincar espontâneo consiste numa vivência oportuna para observar e os comportamentos e suas variações. No paradigma da psicomotricidade relacional existe uma proposição de sequência evolutiva no jogo simbólico, suscetível à análise comportamental. Essa sequência abrange fases, iniciando com a inibição, passando por etapas vinculadas a agressividade, objetivando o jogo e a autonomia. O presente trabalho teve como objetivo analisar o desenvolvimento de crianças durante 12 sessões de psicomotricidade relacional, realizado no Centro de Apoio Psicossocial Infantil - CAPS-i, atendendo um público de 15 crianças com transtornos não especificados. Trata-se de um estudo de caso, tipo interpretativo, com base na análise do envolvimento relacional dos participantes. O programa de intervenção foi proposto para todas as crianças, uma vez que se objetiva trabalhar a relação da criança com seus pares, com os psicomotricistas e, também, com os materiais. Para preservar a identidade das crianças, serão usados códigos alfabéticos para se referir a elas. A criança "P" apresentou nas sessões de bastão o interesse pelo jogo de oposição, vivenciando a agressividade pura e simbólica e, em consequência, o jogo simbólico. A criança "W", durante o jogo do faz de conta, demonstrou satisfação significativa na interação com os psicomotricistas, figura masculina e adulta. A criança "D" apresenta um possível interesse em atividades coletivas e atividades pré-desportivas. A criança "H" preocupouse com uma conduta respeitosa em relação às regras do jogo, como não se machucar e não machucar os outros, com entusiasmo. A criança "A" percebeu-se uma pré-disposição para envolver-se em atividades coletivas, construtivas em pequenos e grandes grupos. A criança "G" demonstrou interesse por atividades com bola e a utilizava com grande habilidade. Diante do que foi apresentado, nota-se que todas as crianças evoluíram em relação a situação do jogo simbólico no setting da psicomotricidade relacional, onde algumas mostraram resultados mais significativos do que outras. No entanto, todas obtiveram respostas positivas, mostrando que o jogo simbólico apresenta características novas e o indivíduo ressignifica suas relações.