Análise do Discurso Sobre Saúde em Um Programa Governamental de Atividade Física
Por Marcos Gonçalves Maciel (Autor), Luiz Alex Silva Saraiva (Autor), José Clerton de Oliveira Martins (Autor), Simone Teresinha Meurer (Autor).
Em Revista Brasileira de Ciência & Movimento v. 26, n 3, 2018.
Resumo
O discurso entendido como uma prática social permite interpretar as diferentes mensagens representadas pela linguagem. Considerando que a concepção de saúde apresenta um viés ideológico e político, este estudo se propôs a realizar uma análise discursiva da temática saúde segundo a percepção de profissionais de Educação Física e alunos do Programa Academia da Cidade de Belo Horizonte/MG. A escolha do local e dos participantes foi intencional. Como instrumento de coleta, adotamos a entrevista em profundidade; o número de participantes foi determinado pela técnica de saturação dos dados. A interpretação das informações foi realizada pela abordagem sociocognitiva do discurso proposta pelo linguista Van Dijk, que considera o contexto social, a linguagem e os processos cognitivos na construção do discurso. Participaram da pesquisa 18 pessoas (três profissionais de Educação Física e 15 alunos). Como principais resultados, identificamos os modelos mentais assumidos por esses profissionais, denotando a memória social, e pelos alunos, representando a memória episódica, que estão relacionados ao predomínio da concepção hegemônica de saúde; esta apresenta uma ênfase na adoção de um discurso que propõe representações sociais pautadas na normalidade dos aspectos clínico-fisiológicos, que por sua vez, essa pode ter o intuito de estabelecer um possível controle social sobre os comportamentos assumidos pelo contexto social a partir de um estilo de vida idealizado como saudável. Concluímos que a adoção da abordagem sociocognitiva contribui para compreender os processos ideológicos socialmente construídos na produção do discurso sobre a saúde, identificando os modelos mentais assumidos por profissionais da saúde e pelo senso comum.