Resumo

O discurso entendido como uma prática social permite interpretar as diferentes mensagens representadas pela linguagem. Considerando que a concepção de saúde apresenta um viés ideológico e político, este estudo se propôs a realizar uma análise discursiva da temática saúde segundo a percepção de profissionais de Educação Física e alunos do Programa Academia da Cidade de Belo Horizonte/MG. A escolha do local e dos participantes foi intencional. Como instrumento de coleta, adotamos a entrevista em profundidade; o número de participantes foi determinado pela técnica de saturação dos dados. A interpretação das informações foi realizada pela abordagem sociocognitiva do discurso proposta pelo linguista Van Dijk, que considera o contexto social, a linguagem e os processos cognitivos na construção do discurso. Participaram da pesquisa 18 pessoas (três profissionais de Educação Física e 15 alunos). Como principais resultados, identificamos os modelos mentais assumidos por esses profissionais, denotando a memória social, e pelos alunos, representando a memória episódica, que estão relacionados ao predomínio da concepção hegemônica de saúde; esta apresenta uma ênfase na adoção de um discurso que propõe representações sociais pautadas na normalidade dos aspectos clínico-fisiológicos, que por sua vez, essa pode ter o intuito de estabelecer um possível controle social sobre os comportamentos assumidos pelo contexto social a partir de um estilo de vida idealizado como saudável. Concluímos que a adoção da abordagem sociocognitiva contribui para compreender os processos ideológicos socialmente construídos na produção do discurso sobre a saúde, identificando os modelos mentais assumidos por profissionais da saúde e pelo senso comum.

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