Resumo

A Educação Física é componente curricular obrigatório da Educação Básica brasileira. Porém, infelizmente essa obrigatoriedade não é respeitada em algumas instituições, devido a diversos fatores, tais como: formação dos professores e ausência de programas curriculares sistematizados; implicando no oferecimento de atividades sem planejamento que, no caso da educação física infantil, acaba se transformando em brincadeiras livres no parque. Pesquisas têm demonstrado que, atualmente, parte das crianças brasileiras que ingressam no Ensino Fundamental apresentam desempenho motor abaixo do esperado. Neste sentido, para reverter este cenário são necessários programas que propiciem intervenção planejada e estruturada para as aulas de Educação Física. Deste modo, avaliar a influência destes programas, verificando a obtenção dos objetivos de aprendizagem dos estudantes, torna-se relevante. A avaliação destes programas pode ser realizada em diferentes aspectos, entre eles a melhoria das habilidades motoras básicas, por meio de testes específicos. Sendo assim, esta pesquisa tem como objetivo analisar o efeito de um programa de educação física no desempenho das habilidades motoras básicas em estudantes de uma Escola Municipal de Educação Infantil, fundamentada nos estilos de ensino Descoberta Divergente e Prática. Foram avaliadas 77 crianças (35 meninos e 42 meninas) entre 4,5 anos e 6 anos de idade, divididas em 3 grupos: Grupo Controle (n=25), Grupo Experimental 1 (n=24) - Descoberta Divergente e Grupo Experimental 2 - Prática (n=28). Um programa de EF baseado nos estilos de ensino descoberta divergente e prática foi elaborado para ser aplicado aos grupos experimentais Grupo Experimental 1- Descoberta Divergente e o Grupo Experimental 2 - Prática. Esse programa teve a duração de 48 aulas com duração de 50 minutos, duas vezes por semana, durante 6 meses. O grupo controle não participou do programa de Educação Física seguindo o conteúdo curricular da Emei que se constitui em brincadeiras livres no parque. Os 03 (três) grupos foram submetidos ao teste motor TGMD-3 com o intuito de avaliar o desempenho nas habilidades motoras básicas. A medida do desempenho utilizada foi a soma do escore bruto em três classes: soma das habilidades locomotoras e de controle de objetos, somente a soma das habilidades locomotoras e a soma das habilidades de controle de objetos. Todas as análises estatísticas foram realizadas considerando todos os participantes de cada grupo e as eventuais diferenças entre meninos e meninas dentro de cada um dos grupos. Os grupos foram avaliados antes do início da aplicação do programa (pré-teste) e, novamente, após o término do programa (pós-teste). Considerando todos os participantes de cada grupo, os resultados indicaram que tanto o grupo controle quanto os grupos experimentais 1 e 2 melhoraram o desempenho do pré para os pós teste nas três classes de desempenho utilizadas. No que se refere às diferenças intergrupos não houve diferença significativa no pré-teste, contudo os resultados indicaram diferenças significativas após o programa de intervenção entre o Grupo Controle e os Grupos Experimentais 1 e 2, sendo que os Grupos Experimentais apresentaram desempenho superior ao grupo controle após o programa de intervenção. Uma segunda análise identificou as eventuais diferenças entre meninos e meninas no seio de cada grupo. Os resultados indicaram que meninos e meninas apresentaram desempenhos distintos somente no Grupo Experimental 2 após o programa de intervenção na classe de controle de objetos. Concluímos que aulas de Educação Física para a Educação Infantil são importantes para promover efeitos significativos no desenvolvimento motor das crianças, os resultados indicam que esses efeitos ocorrem em uma maior magnitude quando as aulas são oferecidas em um contexto apropriado e não apenas como oferta de vivências e atribuições de materiais sem uma intervenção sistematizada.

Acessar