Resumo
INTRODUÇÃO: A paralisia cerebral é uma causa comum de desordens neurológicas e de deficiência no desenvolvimento global, cursando com controle motor atípico. As desordens do movimento e da postura presentes nas crianças com PC causam importantes limitações funcionais. Uma habilidade básica no processo neuroevolutivo é o controle de cabeça, sendo que essa habilidade é comumente restrita nas crianças mais severamente acometidas, como as classificadas como nível V pela Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS). Em estudos recentes, o movimento rítmico, repetitivo e sequenciado do cavalo vem sendo indicado para estimulação neuro-sensório-motora de crianças com paralisia cerebral, visando a ganhos de funcionalidade nos domínios de atividades e participação em contexto diário e melhora da função motora grossa. OBJETIVOS: Verificar a influência da equoterapia na funcionalidade, na função motora grossa e no controle de cabeça em crianças com paralisia cerebral. MÉTODOS: Pesquisa experimental do tipo ensaio clínico aleatorizado. Participaram do estudo 13 sujeitos sendo 7 no grupo experimental (GE) submetidos a intervenção equoterápica por 40 minutos 1 vez por semana e 6 no grupo controle (GC) sem intervenção equoterápica. Em ambos os grupos participaram crianças diagnosticadas com paralisia cerebral nível V pelo GMFCS, na faixa etária de 2 a 5 anos. As variáveis analisadas foram: a) as habilidades funcionais por meio dos escores obtidos pelo Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI); b) a função motora grossa do controle de cabeça por meio da Medida da Função Motora Grossa (GMFM) dimensões A) Deitar e Rolar e B) Sentar e da ativação dos músculos extensores cervicais na postura prona, por meio da Eletromiografia de superfície. As variáveis foram analisadas antes e após 10 sessões semanais de equoterapia no grupo experimental e antes e após 10 semanas no grupo controle, sem intervenção. RESULTADOS: Utilizou-se o teste Shapiro-Wilk para verificação da normalidade dos dados, uma ANOVA Split-plot para verificar as diferenças intra-grupos e entre-grupos e um test t-student para localizar as diferenças e nível de significância p≤ 0,05. Após 10 sessões de intervenção obtemos resultados estatisticamente significativos na área de Auto-cuidado do PEDI e na ativação muscular do músculo trapézio direito, durante elevação e sustentação da cabeça na postura prona. CONCLUSÃO: Os resultados demonstraram que a equoterapia promove benefícios na funcionalidade de crianças com paralisia cerebral nível V pelo GMFCS, relacionados ao auto-cuidado, facilitando a execução de tarefas funcionais no contexto diário, podendo favorecer a aquisição do controle de cabeça.