Resumo
O esporte de rendimento pode resultar em estresse psicológico agudo e crônico. Atletas que relatam níveis mais altos de estresse psicológico, recuperam-se da fadiga e da dor mais lentamente, experimentando uma recuperação de energia percebida diferente. Há evidências de que o estresse leva ao aumento da atividade muscular e articular temporomandibular, causando a Disfunção Temporomandibular (DTM). Os impactos da dor causados pela DTM nas atividades laborais têm sido de grande relevância em estudos recentes. Pretende-se então, como objetivo deste estudo, verificar o nível de relação entre DTM e estresse psicológico em atletas do futebol. Para analisar o nível de relação entre DTM e estresse psicológico em atletas de futebol, foi realizado um estudo observacional, exploratório, transversal em um clube de futebol brasileiro, com 94 atletas, sendo 18 atletas da equipe profissional feminina e 76 atletas das categorias de base masculinos. Para avaliar a DTM dos atletas, foi utilizado o questionário denominado Índice Anamnético de Fonseca (1994) de dez questões e para avaliar o estresse psicológico dos atletas, foi utilizada a escala de estresse percebido de quatorze questões (PSS-14), traduzida e adaptada para a língua portuguesa por Luft (2006). Os dados foram analisados no programa SPSS versão 25.0 para IOS, adotando-se um nível de significância de 5% e o poder dos resultados foi calculado pelo software Gpower® 3.1.9.2. Os resultados mostraram que da amostra de 94 atletas estudados, 53 atletas (56,38%) apresentaram DTM e 70 atletas (74,47%) apresentaram estresse psicológico. A maioria dos atletas estão cursando o ensino médio (75 atletas - 79,7%), com renda mensal familiar considerada boa por 71 atletas (75,5%). 75 atletas (79,7%) disputaram de quatro a seis campeonatos por temporada e 72 atletas (76,6%), responderam apresentar uma boa qualidade de sono. A correlação entre DTM e estresse psicológico foi comprovada pelo teste de correlação de Pearson sendo moderada e positiva para atletas da equipe sub-15 e sub-17 (r=0,78 e r=0,56 respectivamente). A correlação foi forte e positiva para as equipes sub-20 e profissional feminina (r=0,89 para ambas as equipes). Os resultados da correlação apresentaram significância de p≤0,05 para a equipe sub-17 e p≤0,01 para as demais equipes. Os resultados da regressão linear simples apontaram para uma dependência entre as variáveis, também com significância de p≤0,05 para a equipe sub-17 e p≤0,01 para as demais equipes. As equações das retas, resultados da regressão linear simples para cada equipe, podem predizer escores de DTM a partir de scores de estresse percebido para estes atletas de futebol. O poder calculado foi de 0,88 para a equipe sub-17 e 1,00 para as demais equipes. Conclui-se que a DTM é influenciada positivamente pelo estresse psicológico em atletas de futebol das equipes acima descritas e que os resultados de predição da DTM podem colaborar na seleção de atletas para posterior atendimento clínico.