Resumo
INTRODUÇÃO: O Nado Artístico (NA) exige uma preparação física (PF) de alto nível e pouco se sabe sobre os meios, métodos de treinamento e monitoramento das cargas aplicados durante rotinas de PF de um atleta dessa modalidade. OBJETIVO: Analisar a PF e o processo de monitoramento das cargas de treino utilizados por treinadores de atletas brasileiros de NA da categoria sênior. MÉTODOS: 14 treinadores, com 10,5 ±5,3 anos de experiência na modalidade, dos quais 64,3% treinam atletas que competem em nível internacional, responderam a um questionário, submetido previamente à validação de conteúdo (IVCt 0,96) promovida por 7 especialistas. Os questionamentos direcionaram-se aos meios e métodos de treinamento e ao monitoramento da carga utilizados. Foram analisadas as magnitudes de correlação entre o tempo de prática dos treinadores e a escolha dos programas de treinamento, bem como a realização de monitoramento das cargas de treino. Para análise de dados foram utilizados o Microsoft Excel 2016 e o SPSS – 21.0, adotando- se um nível de significância de P ≤ 0,05. RESULTADOS: Para 28,6% dos participantes, a principal função da PF é o aumento da flexibilidade, 21,4% a transferência, aumento de performance atlética e da resistência e, para 12,3% o aumento de força e a redução na incidência de lesões. Das capacidades físicas priorizadas na PF, 100% dos treinadores listaram a flexibilidade e a potência aeróbia. 92,6% também consideraram a implementação prática de treinamentos de potência anaeróbia e força. Os métodos de treinamento mais utilizados para desenvolver as capacidades físicas específicas, foram a prática de alongamentos estáticos para obtenção de melhorias na flexibilidade (78,6%), o treinamento coreográfico específico nas variáveis referentes a potência aeróbia (51,1%), o treinamento tradicional (com pesos livres e máquinas) para obtenção de força muscular (42,9%), a pliometria, o levantamento de peso olímpico e treinamentos com elásticos, para obtenção de potência muscular (21,4%) e por fim, a utilização do treinamento coreográfico específico (64,3%) para potência anaeróbia. Todos os participantes apontaram a realização de um trabalho físico fora da água para auxiliar a PF específica. 100% dos treinadores específicos declararam que a utilização do treinamento de Zala, 78,6% utilizam ferramentas de monitoramento das cargas para realizar ajustes na prescrição com distinções na frequência dos ajustes. As duas principais estratégias utilizadas para monitorar as cargas de treinamento acontecem por meio da utilização de Escalas de Percepção Subjetiva de Esforço (35,7%) e Testes Neuromusculares. Constatou- se uma correlação inversamente proporcional entre a condição tempo de prática e a realização dos monitoramentos das cargas de treino (r = 0,71). CONCLUSÃO: Os treinadores priorizam a força, a flexibilidade e as potências aeróbia e anaeróbia. O método Zala é o tipo de treino mais destacado, o mesmo prioriza a força e a flexibilidade. A força muscular, a flexibilidade e a potência muscular são trabalhadas prioritariamente fora da água, enquanto a potência aeróbia e a anaeróbia são mais trabalhadas no meio líquido. Percebe-se que quanto maior o tempo de prática menor a utilização do monitoramento das cargas.