Resumo
No voleibol competitivo de alto nível, os atletas estão sujeitos, freqüentemente, a enfrentar situações estressantes. Atualmente, vários estudos estão sendo conduzidos para avaliar e discutir as diversas fontes de estresse e suas concomitantes técnicas de controle, não apenas em atletas, mas, também, em técnicos e árbitros. Este estudo tem como objetivos principais identificar as situações gerais que podem provocar estresse no atleta analisar as situações típicas que levantadores e atacantes vivenciam durante a competição e verificar os comportamentos mais prováveis adotados por esses atletas nas respectivas situações. O instrumento utilizado foi o Teste de Estresse Psiquico do Voleibol (TEP-V), composto por situações estressantes gerais e típicas para a posição do jogador (atacantes e levantadores). Foi utilizada, ainda, com os técnicos das equipes, uma entrevista estrutura abordando a sua percepção sobre as situações estressantes para os atletas e para eles próprios. Colaboraram neste estudo 190 atletas de alto nível, participantes da Superliga de Voleibol 97/98, sendo 118 do sexo masculino e 72 do sexo feminino, perfazendo um toltal de 79,2% da população. Os atletas apresentaram uma idade média de 24,4 anos (+4,13) e experiência em competição de 9,31 anos (+4,43). Também fizeram parte do estudo 19 técnicos dessas equipes, sendo 11 de equipes masculinas e 8 de femininas. Estes técnicos apresentavam uma idade média de 37,4 anos (+2,39) e experiência em competição de 12,5 anos (+6,03), sendo a maioria de graduados em Educação Física. Verificou-se que a situação geral que mais provoca estresse nos atletas foi o condicionamento físico e a preparação técnica-tática inadequadas. Os estressores de performance (p<0,01) e os estressores diretos/pessoais (p>0,01) foram considerados os mais negativos para os atletas de uma forma geral. Especificamente para os atacantes, a situação “o levantador não confia em mim” foi considerada a mais estressante, enquanto que, para os levantadores, a situação mais estressante se caracteriza pela frase “a arbitragem marca, repetidas vezes, uma infração minha”. Conclui-se que a situação de estar em desvantagem depois do 25º minuto é mais estressante que estar em desvantagem antes, tanto para atacantes (p<0,05) quanto para levantadores (p <0,01). Atacantes do sexo feminino atribuem uma carga negativa maior à maioria das situações típicas, enquanto que os levantadores do sexo masculino tendem a atribuir uma carga negativa maior que as mulheres a tais situações. Técnicos tendem a atribuir um nível de estresse mais elevado às situações que os atletas. Independente da situação de estresse enfrentada, o comportamento mais provável a se adotado pelos atletas do sexo masculino e feminino, das diferentes posições (levantadores e atacantes), foi “tento me tranquilizar”.