Resumo
A atual demanda gerada sobre a gestão do esporte surgiu a partir da realização dos megaeventos esportivos, na chamada década de ouro para o esporte no Brasil. Surge, então, a discussão sobre a administração esportiva e o seu ambiente prioritariamente amador no país. A discussão sobre o legado dos megaeventos não vem contemplando o desenvolvimento do esporte desde a sua base. O desenvolvimento de uma política esportiva no país evitaria ações isoladas e desprovidas de qualquer direcionamento evitando, assim, o personalismo e, caminhando em direção ao profissionalismo, com a adoção da administração estratégica na condução dos trabalhos. Pautada na questão sobre quais são as representações sociais dos profissionais de educação física em relação à gestão esportiva, o presente estudo busca descrever as representações sociais dos profissionais de educação física sobre a administração estratégica na gestão esportiva. Os objetivos específicos são os seguintes: (a) Levantar a legislação esportiva brasileira; (b) Analisar criticamente a administração estratégica na gestão esportiva; (c) Analisar criticamente a gestão esportiva a partir do ordenamento legal; (d) Elaborar recomendações sobre as políticas públicas voltadas ao esporte. Trata-se de uma pesquisa aplicada, com abordagem qualitativa e apresenta um objetivo descritivo através do levantamento. O público-alvo foram os profissionais de educação física e a área estudada foi à gestão esportiva. A amostra foi escolhida através do critério de conveniência e, o seu tamanho foi definido por amostragem teórica. Contou com 102 respondentes, sendo 78 homens (76,5%) e 24 mulheres (23,5%), com idade média de 36,21 anos, distribuídos da seguinte forma: Região Sul (17,6%); Região Sudeste (33,3%); Região Centro-Oeste (8,82%); Região Norte (19,6%) e Região Nordeste (20,6%). O instrumento utilizado foi composto pelo questionário sócio-demográfico e seis perguntas com respostas abertas. Foi hospedado no Google Docs e aplicado por meio eletrônico após o convite formulado aos pretensos respondentes. A análise de dados contou com a estatística descritiva para o conteúdo sóciodemográfico e a análise de conteúdo através da categorização aberta. 47,1% relataram como objetivo da educação física o desenvolvimento motor, mas sem haver uma diretriz consolidada nas ações voltadas ao cumprimento desse objetivo. O esporte foi visto por 67,6% dos respondentes como não tendo um objetivo definido nas suas ações. A coordenação entre a educação física escolar e o esporte apresentou um índice de 80,4% para os respondentes que não verificaram qualquer coordenação entre as duas áreas. Em relação à gestão do desporto, nos seus três segmentos (escolar, participação e rendimento), verificou-se que 45,1%, 41,2% dos respondentes tiveram como representações sociais do desporto educacional e de participação, respectivamente, ações sem objetivos definidos. No desporto de rendimento, observou-se onze categorias, sendo a mais freqüente a definida como “ação não definida”, na qual se enquadraram 35,3% das respostas. Concluiu-se que a gestão esportiva ocorre no país, mas de forma incipiente, sem utilizar os recursos e ferramentas da administração estratégica. Faz-se necessário a adoção de um modelo de gestão e uma política esportiva no país.