Resumo

O estudo do estresse e da ansiedade é de fundamental importância para compreensão das variáveis que interferem no desempenho dos atletas. Devido à pressão gerada pela necessidade de se obter bons resultados nas competições, os estímulos estressantes podem, de acordo com a influência que exercem sobre as reações emocionais dos atletas, provocar efeitos negativos ou positivos para o desempenho. A percepção subjetiva que cada atleta possui dos estímulos estressantes é que vai definir em que medida os estímulos serão uma fonte de motivação ou de ansiedade. O presente estudo pretende verificar a influência exercida por diferentes situações competitivas sobre a forma como os atletas percebem os estímulos presentes nos jogos, comparando a percepção de atletas de três categorias diferentes: amadores, universitários e profissionais. O instrumento utilizado foi o "Inventário de Fatores de Estresse no Futebol - ISF" (BRANDÃO, 2000), composto por um conjunto de 77 fatores de estresse típicos do futebol, que devem ser analisados pelos atletas segundo uma escala de 7 níveis, que classifica a influência de cada fator no desempenho como negativa (muito, mais ou menos, pouco), neutra ou positiva (muito, mais ou menos, pouco).A amostra é composta por 472 jogadores de Brasília-DF, com idade entre 15 e 50 anos (20,5 ± 4,9 anos), sendo amadores (n=203), universitários (n=110) e profissionais (n=159). Os resultados demonstraram que os participantes deste estudo têm a mesma percepção direcional das situações de estresse, independentemente da categoria em que competem. Os fatores de estresse relacionados com as situações de competição são percebidos como desafiadores pelos atletas, e, portanto, como fonte de motivação, enquanto as situações de fracasso iminente ou real e de demanda física e psicológica são percebidas como ameaças, e, portanto, como produtores de ansiedade. Deve-se frisar que a intensidade da percepção negativa dos fatores de estresse foi menor para os atletas profissionais, indicando, talvez, a influência de estratégias de enfrentamento (coping) que contribuem para atenuar a percepção subjetiva dos efeitos negativos dos estímulos estressantes. Os resultados sugerem a importância dos atletas serem submetidos a uma preparação psicológica para que aprendam a lidar de uma forma adequada com as situações de jogo, percebendo-as predominantemente como um desafio e não como uma ameaça, o que lhes oferece melhores condições para apresentar um bom desempenho.

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