Resumo

Esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de descrever e analisar o processo de integração na escola, de uma criança portadora de lesão lábio-palatal. Foi escolhido um aluno recém admitido numa escola pública, com 7 (sete) anos de idade, matriculado na 1ª série do 1º Grau, sexo masculino. Este, em tratamento multidisciplinar no Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais - USP - Bauru (SP) e já submetido à várias cirurgias corretivas, possuía ainda comprometimento facial e fala levemente nasalisada. Foi utilizado o método de Observação Direta com Relato Cursivo, para posterior análise, nas situações: Primeiro Dia Escolar; Atividades de Treino Ortográfico; Educação Artística e Recreio. Exceto no 1º Dia Escolar, as observações foram realizadas ao longo de 4 meses. Os dados coletados foram complementados através de uma entrevista com a professora da Classe. Os dados foram analisados em função da freqüência das interações e seus conteúdos, ocorridos entre a professora e aluno-participante e entre este e seus colegas; como também, em relação ao rendimento acadêmico do mesmo. Os resultados indicaram que o comprometimento facial e da fala, não prejudicaram o seu rendimento acadêmico e o relacionamento com a professora. Entretanto, teria impedido a sua integração com os colegas, pelo menos durante o período considerado razoável, por alguns autores, para a integração de um novato. Foram necessários aproximadamente 60 (sessenta) dias para que as interações ocorridas sugerissem a aceitação do mesmo, pelo grupo. A assimilação paulatina e progressivamente concretizada, foi, pelo menos em parte, favorecida pela oportunidade do referido aluno de revelar-se possuidor de outros atributos (bom aluno, criativo, cooperador com os colegas). Outros fatores teriam contribuído para esta integração, aliados à inteligência, positiva estrutura familiar acrescidos de significativa habilidade social. Este trabalho sugere outros estudos de caso, que embora singulares, venham contribuir para despertar reflexões e análises. Estas poderão trazer conhecimentos favoráveis à novas formas de ação, capazes de sensibilizar, conscientizar e orientar os dirigentes e professores das escolas, para que possam contribuir na aceitação e conseqüente integração da criança fissurada.

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