Resumo

O envelhecimento modifica o sistema músculo-esquelético e provoca alterações no equilíbrio, o que aumenta o risco de quedas em idosos. A marcha em rampas representa risco maior de quedas, entretanto os graus de inclinação apontados na norma NBR 9050 levam em consideração os parâmetros técnicos para adultos normais, mas não para idosos. O objetivo deste estudo foi avaliar parâmetros cinemáticos da marcha de idosos durante a locomoção em planos inclinados de 6o e 10,5º em comparação ao plano horizontal. Seis idosas ativas e saudáveis (entre 61 e 66 anos e IMC<29 kg/m2) voluntariaram para participar do estudo. Os parâmetros cinemáticos da marcha foram obtidos por sistema optoelétrico, em que variáveis lineares e angulares foram determinadas. Para análise estatística foi utilizado o teste de Wilcoxon, considerando diferença significante p < 0,05. Os resultados demonstraram maiores modificações durante a descida alta (10,5º) em comparação ao plano horizontal. Reduções no comprimento do passo (10,6%), na velocidade da marcha (9,9%) e na velocidade de contato do calcanhar no solo (21,1%) foram encontradas. A altura do pé aumentou na descida alta (84,7%), mas manteve-se inalterada entre a subida alta (3,8%) e descida baixa (0%). O deslocamento angular do quadril foi similar em todas as condições experimentais. A flexão do quadril aumentou em resposta ao aumento da angulação da subida. Assim, quanto mais acentuada a descida menor será o ângulo do quadril. Maiores ângulos de flexão do quadril foram encontrados na subida acentuada. O joelho apresentou a maior flexão durante a fase de subida do plano mais inclinado a fim de acomodar o pé com a rampa. Em adição, maior será a extensão do joelho na subida quando comparada à descida, aproximando-se da marcha no plano horizontal. O tornozelo apresentou flexão dorsal mais pronunciada durante a fase de contato do calcanhar quando a inclinação na subida foi acentuada. Na subida, as maiores alterações ocorreram na fase de apoio, enquanto que as maiores mudanças na descida ocorreram na retirada do pé do solo e na fase de balanço. As modificações mais expressivas na marcha ocorreram na fase de descida de maior inclinação (-10,5o), que apresentou menor velocidade de contato do calcanhar e comprimento da passada e resultaram na menor velocidade de deslocamento. Estas mudanças da marcha provavelmente correspondem às adaptações na organização dos segmentos para acomodar as variações da rampa e condições de subida e descida e uma tentativa de reduzir o risco de quedas causado pelas inclinações dos planos. Inclinações de 6o não causaram modificações muito expressivas sobre os parâmetros da marcha, quando comparada ao plano horizontal.

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