Resumo

A marcha para trás esta embutida em inúmeras atividades diárias como sentar-se em uma cadeira, atravessar uma rua movimentada e na prática de esportes coletivos. Assim, o propósito desse estudo foi analisar através de ferramentas biomecânicas o comportamento motor da marcha para frente e para trás de adultos no ambiente terrestre e aquático. A amostra foi composta por 22 indivíduos adultos (11 mulheres e 11 homens). Antes de iniciar os testes os pesquisadores realizaram as avaliações antropométicas e marcaram os pontos anatômicos: lateral do tronco, trocânter maior, epicôndilo lateral do joelho, maléolo lateral e quinto metatarso no membro inferior direito dos sujeitos. O procedimento da coleta de dados foi o mesmo para os dois ambientes, sendo que no ambiente aquático o nível de imersão foi no processo xifóide. Os sujeitos realizaram 10 passagens válidas nas duas direções de marcha, em velocidade auto-selecionada, sobre uma passarela 7,5m que apresentava no centro a plataforma de força. A plataforma forneceu dados da curva de força vertical de reação do solo (FVRS). O procedimento da caminhada em ambas as direções e ambientes foi registrado no plano sagital através de uma câmera filmadora digital com freqüência de 60 Hz. As imagens foram editadas e os pontos anatômicos digitalizados através do software APAS para obtenção dos ângulos articulares do quadril, joelho e tornozelo e para obtenção da fase relativa. A velocidade foi medida através de fotocélulas que estavam conectadas a um cronômetro. Para análise estatística foi utilizada a análise de co-variância (ANCOVA), para as quatro situações do estudo, tendo a velocidade como co-variável. Os resultados indicaram que na marcha para trás aconteceu um maior primeiro pico de força (PPF) no ambiente terrestre. No ambiente aquático, foram observadas semelhança entre os picos e redução dos valores da FVRS em ~68%. A morfologia das curvas de deslocamento articular do tornozelo, joelho e quadril foram semelhantes entre as condições, sendo que o tornozelo apresentou as maiores diferenças. A articulação do tornozelo teve menor plantiflexão na marcha para trás nos dois ambientes e maior amplitude de movimento (ADM) na marcha para trás na água. A articulação do joelho apresentou maiores valores angulares durante o contato inicial e maior máxima flexão na marcha para frente no ambiente aquático. O quadril mostrou maiores ângulos no contato inicial, maior máxima flexão e maior ADM na marcha para frente no ambiente aquático. Sendo que a máxima extensão do quadril foi maior na marcha para frente no solo e menor na marcha para trás na água. A análise da fase relativa revelou que as maiores diferenças na relação dos segmentos perna-coxa foram observadas entre as direções de marcha, havendo poucas diferenças entre os ambientes. As curvas da fase relativa foram semelhantes, mais invertidas entre a marcha para frente e para trás. Os resultados desta pesquisa proporcionaram maior embasamento científico para os profissionais da saúde que prescrevem o treinamento da marcha como exercício físico ou terapêutico, sendo que a variação da tarefa e do ambiente são recursos importantes na melhora das habilidades.