Resumo

A hipertensão e a obesidade são patologias de origem multifatorial, com elevada correlação patogênica. Na hipertensão, a hipertrofia cardíaca patológica ocorre em resposta à sobrecarga hemodinâmica no coração, podendo evoluir para a insuficiência cardíaca. Além disso, a obesidade tem sido associada à composição da microbiota intestinal, com influência sobre o metabolismo do hospedeiro. Por outro lado, o exercício físico tem sido amplamente utilizado como agente não farmacológico na prevenção e tratamento da obesidade e hipertensão. Todavia, pouco se sabe a respeito do efeito do exercício na composição da microbiota intestinal em fenótipos patológicos e dos mecanismos moleculares responsáveis pela regressão da hipertrofia cardíaca patológica. Desta forma, por meio do pirosequenciamento do gene 16S RNAr e de técnicas proteômicas (nanoUPLC-MSE ), o presente estudo analisou o efeito do treinamento aeróbio no transcriptoma fecal e no proteoma do ventrículo esquerdo de modelo animal obeso (Zuckerfa/fa), não-obeso (Wistar) e espontaneamente hipertenso (SHR). O treinamento foi capaz de alterar a composição da microbiota intestinal em todas as linhagens animais. Os gêneros, Allobaculum (SHR, p=4.06e-3) e Lactobacilus (OZR, p=0.040) apresentaram-se mais abundantes pós-treinamento, enquanto Streptococcus (WR, p=4.55e-3), Aggregatibacter (SHR, p=0.036) e Sutturella (SHR, p=0.048) apresentaram uma menor abundância. Também foi identificada uma correlação significativa entre unidades de operação taxonômica pertencente às famílias Clostridiceae e Bacteroideceae (P<0.01) e os gêneros, Oscillospira e Ruminococcus (P<0.01) com o acúmulo de lactato sanguíneo coletado pré e pós-treino. Por sua vez, as análises por nanoUPLC/MSE identificaram um total de 250 proteínas no ventrículo esquerdo de ratos SHR, sendo 16 proteínas exclusivas ao grupo não treinado (SHR-C). O treinamento em baixa intensidade (SHR-B) alterou a abundância de 36 proteínas em comparação a 44 alteradas pelo treinamento em alta intensidade (SHR-A). O aumento de proteínas antioxidantes (peroxiredozina-6), de contração (cadeia leve da miosina4), metabólicas (γ-enolase) e variantes de histona indica o efeito cardioprotetor do exercício em fenótipo hipertenso. Estes dados reforçam o papel do exercício físico como agente modulador da microbiota intestinal e cardioprotetor sugerindo novas possibilidades terapêuticas na prevenção e no tratamento da obesidade e da hipertensão arterial. 

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