Resumo
Este estudo teve por objetivo investigar o comportamento motor, através do arremesso por cima, de crianças portadoras de Síndrome de Down, com deficiência mental em nível moderado. Tal situação visa verificar o nível de desenvolvimento e a influência do ambiente sobre o comportamento motor. Participaram do estudo 27 crianças portadoras de Síndrome de Down, com idade entre 8 e 12 anos, alunos do Setor Educacional do Centro de Habilitação da APAE, que foram filmadas na execução do movimento de arremessar, em quatro tarefas diferentes. Tarefa I - local indeterminado e alvo fixo; Tarefa II - local determinado e alvo fixo; Tarefa III - local determinado e alvo ausente; Tarefa IV - local determinado e alvo móvel. Cada criança realizou 5 tentativas por tarefa. Houve decodificação do movimento através da lista de checagem de ROBERTON (1975 e 1987). A análise não paramétrica dos dados revelou que, quanto ao nível de desenvolvimento do padrão de movimento arremessar por cima, analisado inicialmente por componente do movimento, verificamos que os componentes braço e antebraço estão em níveis mais rudimentares que os componentes preparação de braço e tronco. O componente pés, apresenta níveis iniciais como também superiores. Quanto à análise das mudanças dos níveis de desenvolvimento do movimento de arremessar por cima, nas diferentes tarefas, observamos a existência de variações nos níveis apresentados, estando porém a maior incidência, na permanência dos mesmos. As crianças encontram-se nos níveis iniciais de desenvolvimento, quando da realização das diferentes tarefas. A variação da exigência e complexidade, fizeram com que as crianças modificassem seus movimentos, a não ser para os componentes antebraço e braço, que não demonstraram diferenças significativas nos níveis de desenvolvimento. Isto reforça a proposta de que o ambiente interfere na resposta apresentada pelos indivíduos, estando relacionada a fase de desenvolvimento que o indivíduo se encontra. Podemos concluir que a observação da fase do desenvolvimento em que se encontra a criança deve ser levada em consideração para a elaboração de propostas de atividades e que as mesmas devem apresentar variações, buscando proporcionar tarefas mais e menos complexas, permitindo que as crianças procurem a adequação dos movimentos, com isto melhorando a qualidade dos mesmos, auxiliando desta maneira seu desenvolvimento motor.