Resumo

Objetivo: Analisar o perfil de expressão gênica de microRNAs (miRNAs) plasmáticos em atletas de endurance de alto rendimento, com diferentes níveis de consumo máximo de oxigênio ( ˙ V O2max) antes e imediatamente após um teste de esforço máximo em esteira. Metodologia: participaram do estudo vinte e três atletas brasileiros corredores de fundo de elite de endurance, sem lesão ortopédica, com dois anos de experiência mínima em competições de nível nacional e/ou internacional e com o volume de treino semanal maior de 100km. Os sujeitos foram submetidos a um teste cardiorespiratório máximo em esteira rolante. Baseados em seus níveis de ˙ V O2max, três indivíduos do primeiro tercil e três do terceiro tercil tiveram seus miRNAs circulantes extraídos a partir de 200µL de plasma obtido antes e após o teste de esforço máximo. Foi realizada a detecção de um painel de 1113 miRNAs por reação em cadeia da polimerase (PCR) para cada um dos atletas em cada um dos momentos. A partir de todos os Cts normalizados, Análises de Componentes Principais (PCA) e Análises Discriminantes dos Mínimos Quadrados Parciais (PLS-DA) foram realizadas com a ferramenta MetaboAnalyst 4.0.17. Os miRNAs mais importantes para as comparações dos grupos foram submetidos à análise bioinformática funcional através da ferramenta mirPath v 3.0. Resultados: Os atletas selecionados dentre o primeiro e terceiro tercis (25 ± 5,1 anos) foram divididos em um grupo com alto ˙ V O2max (75,4 ± 0,87mL∙kg-1∙min-1; n=3) e baixo ˙ V O2max (60,1 ± 5,0mL∙kg-1∙min-1; n=3). Por PCR, foram detectados trinta e três miRNAs circulantes independentemente do grau de desempenho ou do momento do exercício, compondo um core de miRNAs detectáveis. Além disso, destacadamente no grupo alto ˙ V O2max logo após o exercício máximo, os mir-199b-3p, mir-431-5p, mir595, mir-17-5p, mir-1260a, mir-1972, mir-4286, mir-140-3p, mir-151a-5p, mir-30e-5p e mir-1290 tiveram expressão diferencial quando comparada ao grupo baixo ˙ V O2max. As principais vias e sinalizações relacionadas ao exercício detectadas nos grupos estudados a partir dos genes alvo dos miRNAs mais importantes foram biossíntese, metabolismo e degradação de ácidos graxos, mTOR, p53, sinalização de insulina, FOXO e sinalização de AMPK. Conclusões: Perfis de miRNAs séricos contribuiram para explicar as distintas capacidades cardiorespiratórias dos atletas. Além disso, as vias de sinalização dos genes alvo dos miRNAs determinantes para a separação dos grupos são vias determinantes para o esforço físico e para a capacidade cardiorespiratoria maxima. Finalmente, os miRNAs detectados podem servir como parâmetros para investigações mais detalhadas envolvendo a capacidade cardiorespiratoria de atletas de elite.

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