Resumo
O pé torto congênito idiopático é a deformidade congênita de maior prevalência na ortopedia. Estudos da locomoção podem favorecer condutas na reabilitação de crianças com tal disfunção. Neste trabalho foram analisados parâmetros biomecânicos da marcha e do salto vertical com contra-movimento, além do estudo do limiar de percepção plantar de crianças com pé torto congênito, tratadas cirurgicamente. Para análise dos resultados, foram utilizados testes estatísticos não paramétricos. Não foram identificadas alterações na sensibilidade plantar. Apesar da semelhança das curvas médias de força, variação angular e eletromiografia, as variáveis biomecânicas mostraram diferenças. Na marcha, as crianças com pé torto mostraram maior taxa de crescimento para o primeiro pico da força vertical; no apoio médio, maiores flexão do joelho e dorsiflexão do tornozelo, e menor força vertical; na fase de propulsão, menores força ântero-posterior, segundo pico da força vertical e flexão plantar. Enquanto que as mesmas crianças mostraram na fase de preparação do salto vertical, menor dorsiflexão; na impulsão, maior flexão do joelho e menores flexão plantar, força vertical e atividade do músculo gastrocnêmio medial; e na aterrissagem, maior taxa de crescimento da força vertical, menor flexão plantar e maior flexão do joelho. O entendimento de como o sistema locomotor opera durante as atividades analisadas pode contribuir para direcionamentos relacionados com os estímulos adequados de atividades físicas para essas crianças