Resumo
Introdução: Inicialmente acreditava-se que o treinamento específico aliado a estratégias alimentares eram variáveis que explicavam o alto desempenho esportivo atingido pelos atletas. No entanto, com o tempo pesquisadores buscaram também investigar o relacionamento de polimorfismos genéticos associados com determinadas características nesta população de diferentes esportes.Objetivo: Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi investigar relações entre o polimorfismo de inserção/deleção do gene ACE que codifica a atividade da enzima conversora da angiotensina (ECA) em atletas jogadores de futebol das categorias de base comparativamente a outros estudos na literatura com jogadores de futebol e com amostra de indivíduos brasileiros (grupo controle), e também, verificar a relação dos genótipos com a performance em testes físicos Métodos: Foram genotipados para o polimorfismo do gene ACE I/D 45 atletas de futebol das categorias Sub-15 (n=23) e Sub-20 (n=22), assim como realizados testes de performance física para as variáveis: consumo máximo de oxigênio (VO2max), distância no YoYointermittentrecoverytest 2 (Yo-Yo IR2), agilidade, velocidade de 30 metros (V30m), impulsão vertical e potência pico relativa na impulsão vertical. A análise estatística foi composta por estatística descritiva com média, desvio padrão e intervalo de confiança 95%. As comparações das frequências genotípicas foram analisadas pelo teste de Qui-quadrado de Pearson e as frequências alélicas pelo teste de Qui-quadrado com correção de Yates. As comparações das performances entre os genótipos foram desenvolvidas por meio de análise de variância ANOVA one-way, assumindo em todas as análises nível de significância de p≤0,05. Resultados: As frequências genotípicas dos atletas das categorias Sub-15 e Sub-20 foram diferentes χ2 =11,81 e p=0,01, no entanto, as frequências alélicas entre as duas categorias não diferiram significativamente χ2 =0,37 e p=0,54. Em relação ao grupo controle, somente houve diferença para a frequência genotípica da categoria Sub-20χ2 =7,29 e p=0,02. Foi possível identificar que as frequências genotípicas e alélicas das categorias Sub-15 e Sub-20 corroboram com outros estudos da literatura também desenvolvidos com jogadores de futebol. Nenhuma associação foi encontrada entre os genótipos dos atletas das categorias Sub-15 e Sub-20 com a performance física, contudo, as análises demonstraram níveis de significância sugestivos (p=0,08 e p=0,09) para as variáveis impulsão vertical e V30m, respectivamente. Conclusão: Pode-se concluir que as categorias analisadas diferem entre as distribuições genotípicas do polimorfismo ACE I/D, devido principalmente a maior frequência do genótipo ID e genótipo DD nas categorias Sub- 20 e Sub-15, respectivamente. Este polimorfismo também não parece estar associado com a performance física dos atletas de futebol e também não demonstra capacidade para discriminar atletas com predisposição genética favorável para a modalidade comparativamente ao grupo controle. Estes fatores em âmbito geral parecem representar que o polimorfismo de inserção/deleção do gene ACE não parece, individualmente, capaz de caracterizar atletas com predisposição genética favorável para o esporte, no entanto, atletas de futebol tendem a carrear maior frequência do alelo D em relação ao alelo I.