Resumo

Qualidade de vida (QV) é um construto formado por dimensões que compõem o bem-estar e autopercepção da saúde. A aptidão física entre crianças e adolescentes tem demonstrado níveis baixos pelo advento da modernidade favorecendo cada vez mais o surgimento das doenças hipocinéticas. Mediante o exposto, o objetivo deste estudo é analisar a QV e desempenho motor (DM) relacionados à saúde em escolares de uma escola da rede privada de Londrina, Paraná. Participaram do estudo 588 escolares, sendo 325 rapazes e 263 moças, dos 12 aos 17 anos de idade que responderam ao Questionário Kidscreen-52 para avaliação da QV e realizaram os testes de DM Sentar-e-alcançar, dinamometria manual e o Vai-e-vem 20m. A amostra foi selecionada pelo método não probabilístico e os dados foram tratados mediante estatística descritiva, com cálculo de homogeneidade utilizando o teste de Levene, seguidos da ANOVA na associação entre QV, DM com as idades e gênero, e ANCOVA na associação entre QV e DM. O nível de significância adotado foi de p<0,05. Os resultados apontaram valores médios significativos a favor dos rapazes em QV nas dimensões “Saúde e atividade física”, “Bem-estar psicológico”, “Estado de humor geral”, “Autopercepção”, “Autonomia” e “Vida familiar”, enquanto que para as moças os maiores escores foram observados na dimensão “Amigos e apoio social”. Entre os mais jovens, a QV apresentou diferença estatística na dimensão “Saúde e atividade física”; entre os com mais idade na dimensão “Rejeição social”, e aqueles com idades intermediárias foram superiores na dimensão “Recursos financeiros”. No DM os rapazes foram significativamente superiores na aptidão cardiorrespiratória e em força de preensão manual, enquanto as moças foram superiores em flexibilidade. No decorrer das idades os mais velhos sempre apresentaram valores significativos mais altos em todas as capacidades motoras investigadas. Quanto à associação entre QV e DM relacionado ao VO2máx, as diferenças estatísticas ocorreram apenas na dimensão “Saúde e atividade física” a favor dos escolares com melhores índices de QV e na dimensão “Amigos e apoio social” com superioridade para os jovens de QV intermediária. Para força manual e flexibilidade não foram observadas diferenças estatísticas, entretanto, os escolares com QV intermediária foram superiores na maioria das dimensões. É possível admitir mediante os resultados apresentados que os rapazes têm melhor QV que as moças na maioria das dimensões; que os escores de QV são maiores para os mais jovens com maior envolvimento em atividades físicas, bem como a rejeição social é menor entre os mais velhos; e os escolares com idade intermediária adotam um estilo de vida que lhes permite fazer as mesmas coisas que seus pares. No DM, os rapazes apresentaram melhores resultados na capacidade aeróbica e força e as moças em flexibilidade. E na associação entre QV e DM é possível inferir que nem sempre aqueles com escores mais elevados de QV, apresentam melhor desempenho físico.

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