Resumo

Introdução e objectivos: A análise de jogo tem se tornado uma ferramenta cada vez mais poderosa nos esportes coletivos, especialmente quando se envolvem equipes de alto rendimento. A interação de dados quantitativos e qualitativos pode dar aos técnicos e atletas parâmetros importantes para a definição de estratégias adequadas. No basquetebol há um senso comum de que os ataques posicionados predominam sobre os contra-ataques, não havendo, no entanto, números exatos que definam esta característica das equipes. Neste estudo, de caráter essencialmente descritivo, o objetivo foi verificar a incidência dos tipos de ataques (contra-ataque - CA e ataque posicionado - AP) e a relação dos mesmos com a quantidade de arremessos (tentados e convertidos) em situações de 3 e 2 pontos e lances livres da Seleção Brasileira de Basquetebol Masculina que participou do Campeonato Mundial, realizado nos Estados Unidos da América, em 2002. Material e métodos:Foram analisados 6 jogos, através de observação de vídeo, onde foram anotados os arremessos e sua localização na quadra. Principais resultados e conclusões:Os resultados mostraram que o Brasil teve, durante os seis jogos, 422 posses de bola efetivas (aquelas que foram concluídas com um dos tipos de situação de arremesso), sendo que 85,6% foi baseada em ataques posicionais, com 14,4% de contra-ataques. Com as 422 posses de bola o Brasil teve a chance de converter 981 pontos, dos quais 469 (47,8%) foram efetivamente convertidos. Nas vitórias, o aproveitamento de pontos foi de 50,0% (266/532) e nas derrotas este índice caiu para 45,2% (203/449). Da pontuação total, 388 pontos foram obtidos a partir do AP (82,7%), enquanto 81 pontos (17,3%) foram convertidos a partir de situações de CA. A tabela abaixo mostra a incidência e o percentual de pontos, em função do tipo de arremesso para cada tipo de ataque. Estes resultados confirmam a predominância do ataque posicionado e, no caso da equipe analisada, demonstram um estilo de jogo baseado nos arremessos de média e longa distância, aproveitando as características individuais dos jogadores. Este estudo também sugere a necessidade de observações mais aprofundadas do ataque posicionado, que não se limitem somente à análise dos tipos de arremessos, mas também da localização dos mesmos e das ações ofensivas que provocam desequilíbrios defensivos (criação de espaços), que determinam as melhores opções para finalização.