Análise do Tipo de Recepção do Voleibol Sentado Masculino de Elite
Por Carla Dantés Macedo (Autor), Silvia Simoni (Autor), Isabel Mesquita (Autor), Maria Adília Silva (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
O Voleibol Sentado (VS) carece, até ao momento presente, de estudos científicos
referenciados à sua caracterização, designadamente ao nível das acções de jogo. O
conhecimento existente é, fundamentalmente, de natureza empírica, revelando-se
crucial a caracterização do jogo, no sentido de permitir aos técnicos um conhecimento
mais fundamentado e consistente sobre o desempenho das equipas e dos jogadores.
O presente estudo tem como objectivo caracterizar o jogo de Voleibol Sentado
masculino de elite ao nível da recepção do serviço, nomeadamente as zonas de
intervenção, o tipo de recepção (habilidade aplicada) e o efeito obtido, bem como a
associação entre estas variáveis. A amostra foi composta por 1830 acções de recepção
do serviço, retiradas dos Jogos Paraolímpicos de Atenas (2004), num total de 16
jogos das 08 equipas participantes, num total de 52 sets. A recolha de dados foi
efectuada pelo registo em vídeo. Aplicou-se a estatística descritiva, frequências e
percentagens, e a inferencial, sobretudo o teste do qui-quadrado, para o estudo da
associação entre variáveis. A fiabilidade das observações mostrou valores de acordo
acima de 80%, valor mínimo aceitável (VAN DER MARS, 1989). O estudo destaca que
a habilidade mais utilizada na recepção do serviço foi o passe (85,5%) as zonas mais
visadas na recepção a Z1 (40,5%) e a Z6 (32,2%) e o efeito mais frequente uma ou
duas opções de ataque (80,6%). Na associação entre variáveis o tipo de recepção e o
efeito de recepção mostraram uma associação significativa (χ²=11,668; p=0,030),
sendo que o passe proporciona um efeito de recepção superior (todas as opções de
ataque) à manchete (uma ou duas opções de ataque). No que se refere à zona versus
efeito, embora não existindo uma associação global (χ²= 9,645; p=.073), os valores
foram superiores ao esperado na Z1 em relação ao efeito de todas as opções (resíduos
ajustados de 2,1) e na Z5 em relação ao efeito de uma ou duas opções de ataque
(resíduos ajustados de 2). Relativamente à associação entre a zona e o tipo de recepção
verificou-se uma relação de independência, embora se tenha registado uma associação
parcial na Z4 (resíduos ajustados superiores a 2,7 e inferiores a -2,7), onde ocorreram
mais passes e menos manchetes do que era esperado. Estes resultados sugerem a
necessidade de ser dada maior atenção no processo de treino à recepção do serviço,
ao nível do efeito e trabalho nas zonas de recepção, dado tratar-se de um momento
do jogo fulcral para a qualificação.