Resumo

Nos dois últimos séculos, a Antropologia tem enfocado o tema “corpo” entre suas predileções, procurando entender as construções e as representações que cada sociedade faz de seus corpos. As fronteiras entre o pensamento antropológico, em especial a Antropologia da Saúde e do Corpo, e a Educação Física, são ainda pouco exploradas. As concepções teóricas da Antropologia da Saúde contemporânea à respeito do corpo são posicionadas em contraste com as concepções das ciências ligadas à Biomedicina. A partir da visão de que o corpo é uma construção sócio cultural e tem implicações diretas na relação saúde-cultura, quero demonstrar que o modelo científico da Biomedicina  no qual muito do conhecimento da Educação Física se espelha  tem caráter universalizante e cartesianamente fragmentado, não cabendo-lhes a compreensão das especificidades culturais em relação às construções e aos cuidados corporais. O Caso do xamanismo é, neste caso, bom para se pensar nas diferentes construções que cada sociedade escolhe como forma de marcar significativamente o corpo. O entendimento destas questões tem muito a contribuir com o desenvolvimento das pesquisas em Educação Física.