Resumo

O salto vertical (SV) vem sendo investigado enquanto a altura atingida (HSV) tem sido associada à potência de membros inferiores. Alguns estudos que buscam identificar variáveis cinemáticas e/ou cinéticas associadas à HSV apresentam curvas de torque e potência articulares, porém para ilustração. E quando as comparam, o fazem apenas visualmente. Além disso, nenhum estudo testou associação entre a HSV e sincronismo de sinais de torque nem potência entre articulações. O presente estudo comparou os sinais de torque e potência produzidos nas articulações do quadril (QD), joelho (JO) e tornozelo (TO), medidas na fase concêntrica do SV agachado (SJ) e com contra movimento (CMJ), por meio de análise de componentes principais (ACP), e testou correlações entre a HSV indicador de sincronismo. Onze voluntários (5 homens e 6 mulheres) com idade média (DP) de 28 (5,2) anos realizaram SJ e CMJ sobre plataforma de força enquanto era registrada a cinemática do movimento. Por meio do software OpenSim, foram calculados os torques e os deslocamentos angulares nas três articulações, e a potência e o trabalho foram obtidos a partir destas variáveis. Foram comparados os sinais de torque e de potência entre SJ e CMJ, entre articulações e lados, por meio dos escores obtidos da primeira componente principal (CP1). Foram comparados os trabalhos entre articulações, e calculadas as correlações de Pearson entre HSV e trabalho, e HSV e potência por articulação. Foram calculadas as correlações de Pearson entre a HSV e a média da diferença entre as potências das articulações (PCP), e entre HSV e a média dos torques das articulações (MCP), sendo estas médias obtidas das representações dos respectivos sinais na direção da CP1. Os trabalhos articulares mostraram efeito da articulação (p<0,001), tipo de salto (p=0,001) e interação (p=0,02). Na comparação entre sinais de torque, a articulação do QD e JO foram diferentes do tornozelo (p=0,009 e p=0,024) e houve diferença entre SJ e CMJ (p<0,05), mas não houve diferença entre os lados direito e esquerdo. Os sinais de potência mostraram diferença entre SJ e CMJ só no TO (p=0,033). Houve diferenças entre os sinais de potência das articulações, em ambos os saltos, apontando para um padrão sequencial de produção de potência do QD para o TO, e não houve diferença entre lados. Houve correlação significativa entre HSV e os picos de potência para todas as articulações e lados no SJ, mas não no CMJ. Não houve correlação entre HSV e MCP, para SJ e CMJ. Houve correlação significativa entre HSV e PCP para o SJ, nas diferenças entre potências do QD e TO, e QD e JO. Conclui-se que potência e trabalho se correlacionam com a HSV, já demonstrado em estudos anteriores. A ACP identificou padrões de torque e de potências articulares diferentes para o SJ e CMJ e entre articulações. A partir da mesma, foi possível verificar que quanto maior a defasagem entre a potências do QD em relação ao JO e ao TO maior é a HSV. Os resultados da ACP trazem informação relevante para o tema, embora não permitam identificar se os achados estão associados a padrão motor ou às próprias condições biomecânicas impostas. Uma vez que as alturas alcançadas pelos indivíduos foram baixas, indicam-se estudos comparando atletas com alto contra atletas com baixo desempenho no SV para compreender melhor os mecanismos vistos no presente estudo.

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