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Durante a prática da educação física escolar e comum observar que alguns alunos têm uma grande satisfação em realizar as atividades propostas e outros fogem das aulas, devido à questão do desenvolvimento motor que alguns alunos apresentam em melhor desenvolvimento do que outros, sendo assim busquei fazer uma leitura e colocar em prática algumas questões que estimulassem esses alunos a participarem das aulas, buscando uma referência encontrei os estudos de Mônica Teixeira ( s.d ), denominados "Afinal de onde vem estes jogos" assimilei e aproveitei para analisar, comportando a prática vivenciada.

É importante ressaltar que os jogos cooperativos tiveram seu surgimento através da cultura ocidental que, valorizam excessivamente o invidualismo e a competição, como é demonstrado por Brotto: alguns povos ancestrais, como os Inut (Alasca), Aborigenas (Austrália)

Tasaday (África), Arapesh (Nova guine), índios norte americanos, brasileiros entre outros, ainda praticavam a vida através da dança, dos jogos rituais. Portanto, podemos dizer que a utilização dos jogos cooperativos sempre existiu sendo praticados de forma consciente ou inconsciente.

Teixeira citando Orlick, afirma que: "A diferença principal entre jogos cooperativos e competitivos é que nos jogos cooperativos todo mundo coopera e todos ganham, pois tais jogos eliminam o medo e o sentimento de fracasso. Eles também reforçam a confiança em si mesmo, 7como uma pessoa digna e de valor".( Orlick,1989 )

Jogos cooperativos introduzidos na escola

No contexto da Educação Física, observam-se antigos modelos do esporte técnico como objetivo de base de conteúdo, dirigindo-se ao educando na procura de obter melhora nas habilidades motoras dentro do contexto competitivo e assim ganhar espaço no componente curricular, acirrando ainda mais o ambiente escolar, tornando-o muitos momentos excludente e hostil.

Desta forma é preciso chamar atenção de educadores para a prática pedagógica da cooperação que é na verdade uma tentativa de formar indivíduos mais conscientes de sua função e atuação na sociedade a aproveitar toda a alegria que a infância oferece em suas descobertas, medos e anseios naturais que devem ser plenamente experimentados, explorando as representações mentais e todo o vasto repertório de brincadeiras e jogos que a criança carrega, criando condições mais favoráveis à harmonia e a paz social.

A cooperação deve ser é um processo orientado para um objetivo implicando um esforço consciente dos membros participantes.A cooperação exige lealdade, o que resulta em dependência mútua de todos seus membros em função de um objetivo. A sensação de bem estar produzida pela cooperação faz com que este processo seja fornecido nas diferentes camadas sociais.

Brotto apresenta que os jogos cooperativos como uma prática de re-educação capaz de transformar nosso condicionamento competitivo para vencer na vida, em alternativas para o exercício da convivência e direciona estes jogos para serem utilizados em casa, no trabalho, no trânsito, nas relações inter pessoais, porque podemos jogar com o outro em vez de jogar contra, transformando o adversário em solidário e assim podemos compartilhar vida e potencializar habilidades humanas, tais como: alegria,espontaneidade, criatividade, confiança e respeito mútuo com liderança e responsabilidade .

Com a utilização dos jogos cooperativos na escola crianças e adolescentes utilizam uma forma diferente de se jogar, pois ao invés de jogar contra o outro, desta vez ira jogar com o outro e poder apresentar ao educando uma nova forma de se poder através do jogo observar o espírito cooperativo com a união de todos e a partir desta apresentação, o educando passará a observar e escolher a forma de se jogar dentro da escola e utilizar a melhor forma que lhe convir.

O espírito cooperativo que Brotto utiliza na sua vida pessoal, sendo transmitido para dentro das escolas através dos jogos. Em estudos realizados em suas obras escritas, o leitor observa o prazer em cada parágrafo escrito quando mencionada ao assunto cooperação. No ato da leitura dos jogos cooperativos, observa-se que Brotto pretende levar a sua forma de vida cooperativa a todos os que poderem ser alcançados e a escola é um excelente local a ser explorada esta linha de raciocínio utilizando assim através dos jogos nas aulas de Educação Física.

Dentro do ambiente escolar podemos desde cedo nas séries iniciais onde muitas das vezes a pratica da Educação Física não é obrigatória, vemos a prática da competição estar acontecendo. Criança já obtém de seu interior à vontade de estar competindo, ou seja, jogando contra o outro.

Na escola podemos observar claramente quando um educando pega um copo de plástico e começa a chutar e em poucos minutos já estão competindo entre os mesmos.A partir do momento que um educando começa a jogar contra o outro, este simples ato de brincadeira, já se observa o espírito dos jogos competitivos.

A Prática competitiva acontece constantemente na escola, pois na maioria das vezes o professor que estar ministrando a aula ao corpo discente do 1° segmento do ensino fundamental, não é o professor da Educação Física e por isso não tem em sua formação o conceito e a didática da aplicação dos jogos cooperativos.Desta forma a única prática utilizada na aula de educação física pelo corpo discente desde os tempos passados aos dias atuais em algumas escolas, infelizmente se pode observar a prática dos jogos somente voltada à competição.

Com o passar dos anos e estudos dos jogos cooperativos sendo amplificadas, algumas escolas no qual trabalham com professor de educação física voltada ao corpo discente do 1° segmento, já utilizam a cooperação através dos jogos e se pode observar a diferença do comportamento da criança quando obtém o conhecimento não só da competição, mas também cooperação.

Os jogos cooperativos não precisam estar presente em todo o tempo da aula, mas deve estar presente no decorrer da aula em algumas atividades para a sua atualização a ser trabalhada desde cedo com o corpo discente.

No dia a dia do cotidiano escolar, a aula de educação física cada vez mais tem a tendência de aplicação do desporto, como observei na realidade, durante o ano de 2005 quando cursava o 4° período e tive a oportunidade de estagiar na Escola Estadual Menezes Vieira, onde apliquei os jogos cooperativos nas turmas de 5° a 8° séries e buscando a participação de todos os alunos na tentativa de minimizar a questão da competição, buscando apresentar o jogo com uma visão de prazer em jogar e poder compartilhar o jogo com o outro.

A cada aula, procurava realizar atividades novas para motivar os alunos, mas o futebol dos meninos e o queimado das meninas, retiravam a oportunidade dos menos favorecidos pelo grupo. Observando criticamente os fatos ocorridos nas aulas de educação física, comecei a estudar e observar mais as abordagens dos jogos cooperativos. Em um certo dia, na turma de 7° série da modalidade de voleibol, criei um time de cada lado com os que queriam participar e informei que a atividade a ser realizada naquele momento era a atividade de volençol, utilizei o material disponível na escola e começamos a atividade .

Depois que os adolescentes observaram o desenvolvimento das atividades propostas, o jogar começou a ficar mais motivaste e alunos que em princípio não queriam participar, neste instante começaram a formar seus times para a nova atividade que estava sendo realizada na aula de educação física. Observei a falta de oportunidade e desconhecimento da prática da cooperação, pois mesmo sem saber e notar na hora da realização da atividade, todos estavam cooperando e tinham como objetivo trabalhar em grupo para marcar pontos.

Durante a prática das atividades competitivas, observava uma entrega sincera e envolvente a cada minuto do jogo, e com a realização dos jogos cooperativos o resultado final era substituído pela confiança e respeito mútuo, pelo prazer de estar jogando uns com os outros, ao invés de uns contra os outros.

Esta abordagem dos jogos cooperativos possibilitou naquele momento a realizar uma atividade que ate momentos antes era desconhecido pelo corpo discente da instituição de ensino e após a prática, o corpo discente pode observar em um momento de volta calma que também era legal jogar quando em um momento onde todos podem participar e vencer.

É importante dizer que para se chegar a essa qualidade metafísicas como o valor e a dignidade, não dependemos sós ou exclusivamente dos jogos cooperativos, mas se entende que os jogos cooperativos são uma oportunidade para obterem-se essas qualidades estruturais.

Considerações finais

Como já mencionado, a cooperação existe desde os tempos tribais e a sua utilização era utilizada para acelerar a vida, mas o que podemos observar é que no mundo contemporâneo a competição é a cada dia mais acirrada e nós educadores devemos começar a passar ao nosso educando a forma mais simples de cooperar e realizamos este ato com a utilização do jogo.

Este desafio deve ser assumido pelo Professor de Educação Física Escolar e não deixar este conteúdo em um mundo imaginário e sim fazendo que sua aplicabilidade seja a cada dia mais real. Por isso abordara este desafio para começar a atualizar na escola e mostrar que nem sempre o ganhar no singular é sinal de se um campeão.

O jogo cooperativo não precisar ser utilizado a todo o tempo nas aulas, mas deve estar em uma parte da aula para que o corpo discente possa ter o conhecimento da cooperação e poder utilizar também no dia a dia, pois a sua aplicabilidade nos jogos serve como um caminho a seguir para chegar ao conhecimento dos alunos.

Obs. O autor, Marcos Vinicius Gomes Noronha (marcosvnoronha@yahoo.com.br) é aluno da UNIVERSO e foi orientado pelos professores Gilbert Coutinho Costa, Mauricio Barbosa de Paula, Mônica Villar Barcellos e Silvana Cunha de Souza

Bibliografia

  • Teixeira, Mônica. Afinal de onde vem estes jogos. Extraído da seção "Entendendo os Jogos" da edição um do ano I da Revista Jogos cooperativos. Disponível em: www.jogoscooperativos.com.br/entendendo_os_jogos.htm. Acesso em : 7 de fev de 2006.
  • Brotto, Fábio Ottuzi. Jogos cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é cooperar. São Paulo: Cepeusp, 1995 / Santos: Projeto Cooperação, 1997.
  • Revista jogos cooperativos: uma publicação dedicada ao desenvolvimento da educação para a cultura da paz, da cooperação e consciência grupal, 2001.
  • Soler, Reinaldo. Jogos Cooperativos. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
  • Orlick Terry. Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do Livro, 1989.