Resumo


Introdução: Ainda não é conhecido na literatura se os sujeitos pós-AVC têm a capacidade de aprender ações complexas. Os estudos existentes apresentam falhas metodológicas, assim como na implementação da complexidade da tarefa. Este trabalho investigou os efeitos da manipulação da complexidade da tarefa na aprendizagem motora desta população. Método: Vinte e quatro sujeitos pós-AVC (Grupo experimental - GE) e vinte e quatro sujeitos saudáveis (Grupo controle - GC) foram selecionados e divididos em dois experimentos: baixa complexidade e alta complexidade. Foram desenvolvidas duas tarefas denominadas de baixa e de alta complexidade, com variação não só no número de elementos, mas também na carga de processamento exigida para a execução da mesma, as quais deram origem ao experimento 1 e 2, respectivamente. Esta tarefa era executada em ambiente de realidade virtual, a partir do deslocamento do centro de pressão para controle dos objetos móveis na tela. O delineamento foi constituído de 150 tentativas para a fase de aquisição, dividida em 3 dias de prática. Após 4 dias sem prática foi realizado o teste de retenção (RET) e transferência (TR). A alteração realizada no teste de TR foi na direção do deslocamento dos objetos. As variáveis dependentes de ambos experimentos foram: pontuação e tempo de execução. Para cada variável dependente foi conduzido uma Anova two-way com medidas repetidas (2 grupos x 4 momentos) seguido de post hoc de Tukey para identificar os momentos das mudanças. Resultados: No experimento 1, para a variável pontuação ambos os grupos melhoraram o desempenho ao longo da aquisição e o mantiveram no teste de retenção. Não houve diferença entre o GC e GE. Para a variável tempo de execução, o GC diferenciou-se do GE em todos os momentos (Início e final da aquisição, teste de retenção e transferência), apresentando pior desempenho. No experimento 2, tanto para a variável pontuação, quanto para tempo de execução o GE diferenciou-se do GC no final da aquisição e no teste de RET. Conclusão: Os sujeitos pós-AVC foram capazes de aprender a tarefa de baixa complexidade, mas esta aprendizagem não foi passível de generalização. Quanto a tarefa de alta complexidade, os sujeitos do GE não aprenderam a tarefa, sendo muito impactados pelo aumento de complexidade. Possivelmente, os déficits cognitivos relacionados ao planejamento e sequenciamento de ações impactaram na aquisição da habilidade de alta complexidade e não prejudicaram a aprendizagem da tarefa de baixa complexidade
 

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