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O livro Aprendizagem motora: Conceitos e aplicações, deRichard Magill, já se tornou leitura obrigatória àqueles que estão se iniciando no estudo de aprendizagem e controle motor. Faço tal afirmação não por se tratar de um livro que cubra toda a abrangência dos temas nessas áreas de investigação nem por destrinchar os assuntos em todos seus detalhes, enveredando por discussões de natureza teórica. Essa obra que Magill vem lapidando e atualizando ao longo de 18 anos (1980-1998), através de 5 edições, prima em especial pela clareza na colocação de questões de cunho prático e pela capacidade de apresentar conceitos, teorias e resultados de pesquisa que permitam ao leitor encontrar respostas, de forma objetiva, às questões apresentadas pelo autor. Essa quinta edição traz um conteúdo bastante atualizado, incluindo achados de pesquisa relativamente recentes e alguns elementos da abordagem de sistemas dinâmicos, tanto conceituais quanto empíricos, divergindo da abordagem exclusivamente de processamento de informação das edições anteriores. Outra novidade é a inclusão de evidência experimental e discussões sobre aplicação dos conceitos aqui apresentados na área de fisioterapia. O livro está organizado em quatro unidades: I - Introdução às habilidades motoras; II - Introdução ao controle motor; III - O ambiente da aprendizagem; e IV - Diferenças individuais. Na Unidade I, o autor apresenta elementos comuns às áreas de controle motor e aprendizagem motora, como forma de familiarizar o leitor com a temática, através das categorias de classificação de habilidades motoras e as diferentes variáveis para mensurar o comportamento motor. A Unidade II é dedicada ao estudo do controle motor. Nesta parte do livro fica mais evidente o tratamento de alguns temas, particularmente o controle de movimentos complexos, a partir da abordagem de sistemas dinâmicos, em contraste com a abordagem predominante do livro fundamentada na teoria de processamento de informação. No primeiro capítulo desta Unidade são analisados o controle de movimentos coordenados de acordo com os aspectos centrais e ambientais do sistema de controle, como as informações sensoriais são aproveitadas no controle de ações motoras, e as estratégias adotadas pelo sistema efetor para controlar movimentos envolvendo inúmeros graus de liberdade estruturais. No segundo capítulo são abordadas questões relativas à preparação prévia ao movimento e atenção. Dentro dessa temática, o autor analisa os resultados de pesquisa empregando a estratégia de mensurar os períodos de latência, previamente à execução do movimento, como forma de compreender os processos mentais relacionados à produção de respostas motoras. A atenção é tratada em dois aspectos: como capacidade limitada de processamento de informação e como um mecanismo seletivo para processamento de informações ambientais. A maior parte do livro está concentrada na Unidade III, onde é tratada a aprendizagem motora, foco principal de interesse da obra. Essa Unidade está dividida em três capítulos. No primeiro, é feita uma introdução aos temas elementares de aprendizagem motora, ao apresentar-se as características de desempenho motor que se alteram com a prática e como a aprendizagem pode ser inferida através de curvas de desempenho, caracterizando diferentes estágios de aprendizagem. Ainda nesse capítulo, são analisadas as variadas manifestações do fenômeno de transferência de aprendizagem, a apresentadas formas de se calcular índices de transferência de aprendizagem. O segundo capítulo é dedicado aos temas instrução e feedback aumentado. Aqui são apresentados diversos estudos que trazem implicações diretas para a pedagogia do movimento, uma vez que indicam formas de melhorar a comunicação do professor, instrutor ou técnico com seu aluno/atleta. Isso pode ser efetivado justamente no momento em que são dadas instruções sobre a meta a ser atingida, ou quando o executante é informado sobre seu desempenho a fim de aprimorá-lo emtentativas subsequentes. No últimocapítulo dessa seção são discutidas diferentes variáveis relacionadas às condições de prática. Mais especificamente, o autor discute a importância de (a) variabilidade de prática, (b) espaçamento entre tentativas, (c) quantidade de prática, (d) prática do todo versus partes, e (e) prática mental.

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