Resumo
O cotidiano escolar está repleto de experiências altamente significativas vividas por crianças e adolescentes ao longo da escolarização formal da Educação Básica. Por longos doze ou mais anos, estes seres humanos tem a aproximação com os conhecimentos necessários à sua jornada pessoal mediados por docentes comprometidos com o desenvolvimento de suas potencialidades, mas, principalmente, dos saberes necessários ao caminhar autônomo, criativo e com vistas à sua intervenção social democrática.
O diário de bordo de muitos dos professores de Educação Física Escolar certamente registra inúmeras dificuldades, limitações conceituais, incompreensão dos parceiros docentes quanto à finalidade desse componente no seio da escola, incompatibilidade da formação que por vezes está distante da instituição escola e uma série de outras barreiras ao exercício da mediação docente.
Por longos anos, a predominância do denominado “quarteto hegemônico” fez com que a quadra fosse compreendida apenas como um espaço de lazer, brincadeiras, suor e competição, além de estar distante dos demais componentes tidos como mais importantes para a vida.
O cotidiano escolar é rico em possibilidades assim como a vida em sociedade. Os espaços de mediação estão significativamente ampliados, a abrangência de novos e ampliados conteúdos para a aprendizagem encontram eco entre docentes atuantes nas escolas, as discussões ultrapassam a simples prática pela prática e vemos, hoje, crescente avanço das práticas pedagógicas nas escolas.
Ainda há, como sempre haverá em educação, muito para trilhar, aprofundar, criar, modificar e, parafraseando Rui Espírito Santo, enorme quantidade de possibilidades para a transgressão pedagógica” em benefício da formação humana pretendida.
O que ora buscamos oferecer é a oportunidade democrática para a efetiva e afetiva troca de experiências entre os atores da Educação Física Escolar, não apenas àqueles que se encontram nos cursos superiores de formação. Um espaço de provocações à criatividade, à discussão coletiva de temas relevantes, ao envolvimento de “licenciandos”, docentes do ensino superior e, principalmente, dos professores que atuam no cotidiano escolar mediando as relações de crianças e adolescentes com o componente curricular Educação Física.
A Revista Brasileira de Educação Física Escolar – REBESCOLAR – que temos a honra de apresentar, sucede às denúncias de longos anos vividos pela Educação Física Escolar em todos os níveis e, humildemente, abre espaços para anúncios com origem em todos os campos escolares, da educação infantil à formação de alunos em cursos de Licenciatura em Educação Física Brasileiros e, quiçá, de outros povos.
Esta construção, sonhada inicialmente no ano de 2005 quando a realização do primeiro Congresso Paulistano de Educação Física Escolar, e por provocação do amigo Professor Mauro Betti, contou com a participação de inúmeros professores e amigos que, acima de tudo, acreditaram na proposta e oferecem sua colaboração, ilimitada, para a consolidação deste espaço democrático e plural.
É importante deixar claro, desde o início, que o espaço da REBESCOLAR está voltado para as discussões, provocações, diálogos, pesquisas, propostas de formação, publicação de experiências de sucesso voltadas exclusivamente para o componente curricular Educação Física.
Esta primeira edição, composta de 11 artigos, ainda não conquistou a abrangência desejada entre os professores da Educação Básica em número de docentes, mas a qualidade dos trabalhos publicados já indica o caminho que será trilhado.
Uma vez mais nosso agradecimento a todos que colaboraram para tornar realidade o sonho sonhado em conjunto.