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Com tamanha presença social, não é difícil compreender por que o esporte está presente nos mais diferentes acervos, ao mesmo tempo em que vários acervos são formados ao seu redor: por iniciativa de colecionadores particulares, apaixonados pelo assunto; por instituições acadêmicas, ciosas de sua importância; por entidades esportivas, desejosas de preservar sua memória; por órgãos governamentais, ainda em menor número, mas que já começam a entender a sua relevância cultural.

A despeito disso, assim como ocorre com outros temas, persistem no Brasil dificuldades para acessar esse enorme manancial. Em função da natureza do objeto, tanto de sua dispersão quanto de certa desvalorização acadêmica que até bem pouco tempo o cercava, é possível afirmar que os problemas ao redor dos acervos esportivos são consideráveis.

Logo, devemos celebrar o dossiê deste número de Acervo, dedicado a discutir a presença do esporte em acervos. Se não estamos  enganados, no que tange à publicação de periódicos, é uma das primeiras oportunidades em que se aproximam os temas de forma tão denotada, embora possam ser detectadas experiências alvissareiras que já têm sido desenvolvidas no cenário nacional.

Para nossa felicidade, foi amplo o atendimento a nosso chamado: temos a satisfação de registrar que significativa parte dos colegas brasileiros que trabalham com o tema de nosso dossiê tem sua contribuição publicada neste número. Não podemos nos furtar de agradecêlos, bem como a equipe do periódico pela confiança.

O leitor encontrará excelentes reflexões sobre instituições de preservação da memória do esporte, organizadas em universidades ou clubes; sobre a presença do tema em arquivos públicos, gerais, como o Arquivo Nacional, ou específicos, como o do Conselho Regional de Desportos do Paraná; sobre um acervo de fontes orais; bem como um importante debate sobre um assunto afeito, a patrimonialização de uma importante prática corporal. Abrindo o dossiê, uma contribuição de Kenth Sjöblom, atual presidente da seção Sports Archives da International Council of Archives. Completando o número, uma entrevista com Roberto Gesta, um dos mais importantes colecionadores mundiais de artefatos esportivos.

Como será possível perceber nas páginas que se seguem, muitos são os desafios que cercam a preservação, manutenção, recuperação e difusão dos mais diferentes tipos de artefatos relacionados ao esporte. Muitos passos mais têm que ser dados. Ainda estamos no início de uma longa jornada que tem em conta a importância e o valor do fenômeno esportivo nos mais distintos períodos históricos. Por ora, podemos, contudo, celebrar o tanto que já foi feito, como demonstram as reflexões e experiências dos colegas cujos artigos integram este número que tivemos a honra e o prazer de organizar.

VICTOR ANDRADE DE MELO E LUIZ SALGADO NETO

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