Apresentação. Vinte Anos de Diálogos: Os Esportes na Antropologia Brasileira

Parte de Vinte Anos de Diálogos: Os Esportes na Antropologia Brasileira . páginas 9 - 21

Resumo

A proposta deste compêndio é inédita no sentido de que até hoje não houve uma tentativa de sistematizar as discussões relativas ao futebol e às práticas esportivas, oriundas dos GTs ocorridos em eventos brasileiros e do Mercosul, dentro da Antropologia, desde que o fórum específico para esse debate de ideias foi criado em 2000 e do qual logo falaremos. As pesquisas têm se avolumado nos últimos anos e ampliado a produção de conhecimentos no que se conhece como campo esportivo das ideias em âmbito antropológico. É nesse momento, portanto, que aproveitamos para organizar essa contribuição, que pretende deixar registrado algo dessa trajetória. Como Pablo Alabarces afirma em seu texto nesta coletânea, definir o marco de fundação de um campo de estudos dentro da Antropologia não é uma tarefa simples. A “Antropologia dos Esportes” no Brasil pode, em uma leitura mais generosa, ter seus primeiros escritos datados dos anos trinta do século XX – portanto, há quase cem anos – com as formulações sobre o estilo brasileiro de jogar futebol, presentes na obra de Gilberto Freyre. Em uma perspectiva mais difundida, essa primazia oscila entre a dissertação de mestrado de Simoni Lahud Guedes (GUEDES, 1977) e a coletânea “O universo do futebol”, de 1982, organizada por Roberto DaMatta (DAMATTA, 1982). Esta obra, mais do que elencar algumas elaborações sobre o futebol, teve o papel de emprestar reconhecimento a este nascente campo de estudos dentro da academia brasileira. “Isto porque Roberto DaMatta, já amplamente legitimado e reconhecido no campo da antropologia brasileira, legitimava também o objeto” (GUEDES, 2017, p. 366). Porém, a contribuição de DaMatta não se limita a esse papel.