Resumo

Um dos fenômenos brasileiros que reserva mais possibilidades de interpretação é, sem dúvida, a arte performática da capoeira. Isso por ela adquirir um caráter polissêmico que possui características da dança, da luta, do jogo, do ritual e do espetáculo. Nossa pesquisa, fundamentada no método estético filosófico, buscou identificar sentidos semelhantes entre os coros ditirâmbicos do culto a Dioniso e o fenômeno da roda de capoeira. Buscamos referência, em especial, na análise de Nietzsche (1844 – 1900), que nos mostra como os rituais dionisíacos representavam, para o povo grego, mais do que mera distração ou dogma religioso, configurando-se como um elemento central na relação entre o homem e a natureza, o homem e o divino, o homem e seu semelhante. Nossas interpretações nos levaram a identificar principalmente três congruências, a saber: uma orientação estética circular, um sentido do ecstasis da cena e, como ponto chave, a quebra do princípio de individuação. Por essas possibilidades de interpretações cruzadas, identificamos que, por mais que a capoeira tenha sofrido transformações acerca do seu potencial estético, ela ainda mantém elementos que apresentam características próximas à potência dionisíaca.

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