Aproximações Entre a Roda de Capoeira e o Coro Ditirâmbico nos Rituais Dionisíacos da Grécia Antiga
Por Renan Almeida Barjud (Autor), Fidel Machado de Castro Silva (Autor), Odilon José Roble (Autor).
Resumo
Um dos fenômenos brasileiros que reserva mais possibilidades de interpretação é, sem dúvida, a arte performática da capoeira. Isso por ela adquirir um caráter polissêmico que possui características da dança, da luta, do jogo, do ritual e do espetáculo. Nossa pesquisa, fundamentada no método estético filosófico, buscou identificar sentidos semelhantes entre os coros ditirâmbicos do culto a Dioniso e o fenômeno da roda de capoeira. Buscamos referência, em especial, na análise de Nietzsche (1844 – 1900), que nos mostra como os rituais dionisíacos representavam, para o povo grego, mais do que mera distração ou dogma religioso, configurando-se como um elemento central na relação entre o homem e a natureza, o homem e o divino, o homem e seu semelhante. Nossas interpretações nos levaram a identificar principalmente três congruências, a saber: uma orientação estética circular, um sentido do ecstasis da cena e, como ponto chave, a quebra do princípio de individuação. Por essas possibilidades de interpretações cruzadas, identificamos que, por mais que a capoeira tenha sofrido transformações acerca do seu potencial estético, ela ainda mantém elementos que apresentam características próximas à potência dionisíaca.