Resumo

Objetivo. Este trabalho visa verificar a relação da aptidão cardiorrespiratória com a contagem de células do sistema imunológico (SI) de adolescentes. Métodos. Amostra foi composta de 102 meninos (R) e 131 meninas (M) com idades de 12 a 17 anos. Avaliou-se a composição corporal da amostra, sendo o percentual de gordura subcutânea calculado pela fórmula de Slaughter. O IMC foi calculado e categorizado através da proposta de Cole et al. O consumo máximo relativo e absoluto de oxigênio (VO2máx) foi obtido através do teste de 20 metros proposto por Léger et al. e categorização adaptada de Rodrigues et al. A contagem das células do SI foi obtida pelo leucograma, sendo verificado o número total de leucócitos (cel.ml) e as subfrações: Eosinófilos, Linfócitos, Monócitos, Segmentados e Neutrófilos. Hipotetizou-se (H) que os indivíduos com maior VO2máx comparados com seus pares menos aptos poderiam apresentar maior razão de chance na contagem das células do SI, para: os valores acima do percentil 50 (H1); valores abaixo do percentil 50 (H2), disposição nas extremidades (H3); valores concentrados mais na região central (H4). Na análise estatística foi empregada distribuição de freqüências, teste t de Student, ANOVA one-way e regressão logística binária, com p<0,05. Resultados. O estado nutricional demonstrou que 27,8% dos R e 13,2% das M apresentaram sobrepeso ou obesidade. Os valores do VO2máx ficaram entre 29 a 59 ml.kg-1.min-1 e 25 a 53 ml.kg-1.min-1 para R e M, respectivamente, e um quinto da amostra geral apresentou baixo condicionamento aeróbio. A contagem média das células do SI diferiu entre os sexos, tendo maior quantidade para as M nos Leucócitos (R= 5697,1 cel.ml; M=6496,9 cel.ml; t=3,959; p=0,000), Segmentados (R= 3288,1 cel.ml; M=4023,8 cel.ml; t=4,145; p=0,000), e Neutrófilos (R= 3306,9 cel.ml; M=4101,2 cel.ml; t=4,431; p=0,000) enquanto que Eosinófilos (R= 286,1 cel.ml; M=211,1 cel.ml; t=2,644; p=0,009) tiveram maior contagem para os R. As análises de variância entre os estágios maturacionais diferiram entre os indivíduos púberes dos pós púberes para Leucócitos e Segmentados somente nas M. As análises de regressão mostraram que o VO2máx relativo dos R não apresentaram nenhuma associação, enquanto as M com baixa aptidão apresentaram associação para contagem de Eosinófilos para H1 (OR= 4,60; 1,24-16,96, p=0,022), nos Linfócitos para H3 (OR=2,76; IC= 1,01-7,56; p=0,047) e nos Monócitos para H4 (OR=3,57; IC= 1,03- 12,26;p=0,043). Quando verificado o VO2máx absoluto os R com regular aptidão, estes apresentaram uma maior razão de chance da contagem dos leucócitos para H2 (OR=9,0; IC=1,08-75,00; p=0,042), dos monócitos para H1 (OR=5,16; IC=1,00- 26,59, p=0,049), e neutrófilos para H1 (OR=9,65; IR=1,15-80,45; p=0,036). Nas M a maior razão de chance ocorreu com a aptidão regular nos leucócitos para com H2 (OR=3,91; IC= 1,14-13,46; p=0,030), da aptidão moderada com os linfócitos para H1 (OR= 3,84; IC=1,48-9,92; p=0,005), e as com aptidão regular com a porcentagem de neutrófilos com H3 (OR=3,60; IC=1,05-12,32; p=0,041). Conclusão. Os resultados das associações demonstraram que quanto mais alto for o condicionamento cardiorrespiratório melhor a contagem e disposição de células do SI de adolescentes. 

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