Resumo

O objetivo deste estudo é identificar as associações da aptidão cardiorrespiratória e da atividade física de adolescentes com as características do ambiente escolar, a estrutura pedagógica da educação física e o ambiente urbano. Trata-se de um estudo do tipo associativo, que utilizou abordagens mistas com predominância quantitativa. A população deste estudo são os adolescentes matriculados no ensino médio das escolas da zona sul de Porto Alegre. A aptidão cardiorrespiratória foi avaliada através do teste de corrida e caminhada de 6 minutos. A atividade física foi avaliada através de pedometria e alguns domínios (considerados no estudo como variáveis individuais) através de questionário. O ambiente escolar foi avaliado através de um instrumento de auditoria na escola e a estrutura pedagógica da educação física através de entrevista semiestruturada. A qualidade das praças e parques foi avaliada através de um instrumento de apoio a observação direta, o walkability foi considerado a partir da densidade residencial, do tamanho médio das quadras e do número de intersecções de ruas. Estas variáveis foram analisadas em um raio de 500 metros a partir da residência dos alunos. Foram consideradas também as distâncias entre a residência e a escola e os parques/praças mais próximos. Para o tratamento dos dados foram utilizadas análises descritivas, de variância e de associação, considerando um alfa de 0,05. Fizeram parte do estudo 236 adolescentes de três escolas da zona sul de Porto Alegre. Os resultados estão apresentados na forma de dois estudos: (1) Associação da aptidão cardiorrespiratória de adolescentes com o ambiente escolar e a estrutura pedagógica da educação física; e (2) Associação entre a atividade física de adolescentes e o ambiente urbano. Com relação ao estudo 1, os resultados indicaram uma alta ocorrência de adolescentes na zona de risco à saúde para a aptidão cardiorrespiratória (97% de meninas e 85% de meninos). A baixa aptidão cardiorrespiratória foi independente dos professores de educação física. Na análise qualitativa os professores não indicaram quaisquer estratégias pedagógicas para trabalhar com a aptidão física ou atividade física durante as aulas. Nas análises de associação, as variáveis categóricas sexo (β: 0,784), participação na educação física (β: 0,931), atividade física fora da escola (β: 1,068) e ter quadra poliesportiva na escola (β: 0,884) foram capazes de predizer a variabilidade da aptidão cardiorrespiratória. Com relação ao estudo 2, foram avaliados 98 espaços públicos, destes 68% possuíam parquinho, 21% campo de futebol e 21,2% estação de exercício. Foi evidenciado que 79,5% das meninas e 69,6% dos meninos estavam classificados na zona de risco à saúde para a atividade física. As análises de associação mostraram que o deslocamento para a escola (OR: 6,65), o uso de praças/parques (OR: 11,46) a distância da residência até a escola (OR: 0,21) e o walkability (OR: 0,14) se associaram com a atividade física, o walkability por sua vez dependeu das variáveis aptidão cardiorrespiratória e gostar de educação física para ser significativo no modelo de regressão. A partir dos resultados concluímos que, tanto a aptidão cardiorrespiratória e a atividade física estão fracas entre os adolescentes. A educação física escolar parece não influenciar na aptidão cardiorrespiratória, entretanto, a atividade física fora da escola influenciar. A atividade física dos adolescentes se associa com o uso de praças/parques e com o deslocamento ativo para a escola, o walkability parece se associar com a atividade física dos adolescentes que são aptos e gostam de educação física.

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